Foto: Revista Cláudia. Soleda, Yves e Leandro.
A espanhola Solédad, 50 anos, vive na França desde 1963. Há 22 anos, conheceu o francês Yves, 48, apaixonaram-se e há 12 dividem o mesmo teto.
Mãe do policial Julien, hoje com 27 anos, do primeiro casamento, Solédad queria muito ter um filho com Yves. Foram três tentativas de gravidez interrompidas.
A ideia da adoção surgiu, mas Yves não se entusiasmava, talvez por ainda nutrir a esperança de ter o próprio filho. Em janeiro de 2003, ele revelou o desejo de adotar uma criança. Os dois iniciaram, então, o processo burocrático. Sem exigências de etnia, o pedido foi encaminhado ao Brasil pela associação autorizada pelo governo francês, a Edelweiss. “Tudo o que queríamos era uma criança para amar e fazer feliz”, resume a mãe.
Começava a espera. Cada toque de telefone fazia o coração daqueles pais bater mais forte. Espalharam a notícia para os amigos e a família, prepararam um quarto lindo, colorido e cheio de brinquedos para o filho. Quantas vezes fui chorar naquela cama me perguntando: ‘Quando você estará aqui, meu pequeno?’ ”, lembra Solédad.
Em maio de 2006, um e-mail da associação avisava que haviam encontrado um menino de 5 anos, hiperativo e sociável. “Tínhamos 24 horas para dizer se queríamos. Logo respondemos sim”, conta ela. Poucos dias depois, ela recebeu em casa fotos do menino. Mais quatro meses e eles desembarcaram em Guarulhos (SP) na manhã do dia 15 de setembro. No início da tarde, foram levados ao orfanato para o tão aguardado encontro. Tinha sonhado tanto com ele, imaginado a doçura de sua pele, seu cheiro, o som da sua voz... os minutos pareciam horas”, relembra Solédad.
Quando Leandro chegou ao local onde o esperavam, ele se jogou nos braços de Yves. “Foi a primeira e única vez que vi meu marido chorar. Em seguida, ele me abraçou e ficamos assim, chorando e nos tocando por alguns minutos. Todos os nossos esforços e a espera haviam sido recompensados e os momentos de tristeza e dúvidas tinham chegado ao fim.”
Léandro tinha 5 anos e 8 meses naquela ocasião. As primeiras horas de convivência foram tranquilas, mas no dia seguinte o menino começou a se rebelar. Passou a evitar os carinhos da mãe e lhe dirigir palavrões quando se deu conta de que ela entendia o que ele dizia por ser de origem espanhola. A cada repreensão, ele respondia com mais agressividade. Com Yves, o comportamento dele não se alterou. “Comecei a pensar que ele nunca iria me amar, que a adoção não daria certo”, admite Solédad. “As quatro semanas de convivência programadas transcorreram assim, mas Yves e Solédad perceberam que o menino estava testando-os para saber até que ponto eles o queriam, se seria amado apesar do mau comportamento. Léandro já havia sido adotado uma vez por brasileiros que o devolveram ao abrigo.
No final de outubro daquele ano, a família retornou à França. Uma grande surpresa os aguardava no aeroporto. Estavam todos lá, parentes e amigos, ansiosos para conhecer o novo membro da família. Dali em diante, as férias tinham terminado e era preciso encarar a realidade. Léandro continuava a rejeitar Solédad ao mesmo tempo que se aproximava cada vez mais de Yves, o que acabou gerando conflitos entre os pais. “Fiquei com ciúme daquela cumplicidade”, confessa a mãe. Pouco a pouco, as tensões se acalmaram, e a família encontrou seu ritmo de vida normal.
“No primeiro dia de aula, diante da escola, ele apertava nossas mãos, até que ouviu um colega gritar ‘C’est Léandro qui est arrivé’ (Léandro chegou). Todos vieram recebê-lo e vimos o alívio em seu rosto. Em oito meses, ele já dominava o francês e nunca mais quis falar português. Percebemos que desejava ser como os outros. A única diferença é a cor de sua pele.
Ele é gentil, afetuoso e adorado pelos amigos”, descreve a orgulhosa mãe. “Sempre dizemos a ele que, aconteça o que acontecer, nós estaremos aqui e que o amamos muito. Quando perguntamos a ele se nos ama, ele afirma com toda força: ‘Oui’. Tenho certeza de que o destino armou esse encontro para nossa maior e grande felicidade.”
Mãe do policial Julien, hoje com 27 anos, do primeiro casamento, Solédad queria muito ter um filho com Yves. Foram três tentativas de gravidez interrompidas.
A ideia da adoção surgiu, mas Yves não se entusiasmava, talvez por ainda nutrir a esperança de ter o próprio filho. Em janeiro de 2003, ele revelou o desejo de adotar uma criança. Os dois iniciaram, então, o processo burocrático. Sem exigências de etnia, o pedido foi encaminhado ao Brasil pela associação autorizada pelo governo francês, a Edelweiss. “Tudo o que queríamos era uma criança para amar e fazer feliz”, resume a mãe.
Começava a espera. Cada toque de telefone fazia o coração daqueles pais bater mais forte. Espalharam a notícia para os amigos e a família, prepararam um quarto lindo, colorido e cheio de brinquedos para o filho. Quantas vezes fui chorar naquela cama me perguntando: ‘Quando você estará aqui, meu pequeno?’ ”, lembra Solédad.
Em maio de 2006, um e-mail da associação avisava que haviam encontrado um menino de 5 anos, hiperativo e sociável. “Tínhamos 24 horas para dizer se queríamos. Logo respondemos sim”, conta ela. Poucos dias depois, ela recebeu em casa fotos do menino. Mais quatro meses e eles desembarcaram em Guarulhos (SP) na manhã do dia 15 de setembro. No início da tarde, foram levados ao orfanato para o tão aguardado encontro. Tinha sonhado tanto com ele, imaginado a doçura de sua pele, seu cheiro, o som da sua voz... os minutos pareciam horas”, relembra Solédad.
Quando Leandro chegou ao local onde o esperavam, ele se jogou nos braços de Yves. “Foi a primeira e única vez que vi meu marido chorar. Em seguida, ele me abraçou e ficamos assim, chorando e nos tocando por alguns minutos. Todos os nossos esforços e a espera haviam sido recompensados e os momentos de tristeza e dúvidas tinham chegado ao fim.”
Léandro tinha 5 anos e 8 meses naquela ocasião. As primeiras horas de convivência foram tranquilas, mas no dia seguinte o menino começou a se rebelar. Passou a evitar os carinhos da mãe e lhe dirigir palavrões quando se deu conta de que ela entendia o que ele dizia por ser de origem espanhola. A cada repreensão, ele respondia com mais agressividade. Com Yves, o comportamento dele não se alterou. “Comecei a pensar que ele nunca iria me amar, que a adoção não daria certo”, admite Solédad. “As quatro semanas de convivência programadas transcorreram assim, mas Yves e Solédad perceberam que o menino estava testando-os para saber até que ponto eles o queriam, se seria amado apesar do mau comportamento. Léandro já havia sido adotado uma vez por brasileiros que o devolveram ao abrigo.
No final de outubro daquele ano, a família retornou à França. Uma grande surpresa os aguardava no aeroporto. Estavam todos lá, parentes e amigos, ansiosos para conhecer o novo membro da família. Dali em diante, as férias tinham terminado e era preciso encarar a realidade. Léandro continuava a rejeitar Solédad ao mesmo tempo que se aproximava cada vez mais de Yves, o que acabou gerando conflitos entre os pais. “Fiquei com ciúme daquela cumplicidade”, confessa a mãe. Pouco a pouco, as tensões se acalmaram, e a família encontrou seu ritmo de vida normal.
“No primeiro dia de aula, diante da escola, ele apertava nossas mãos, até que ouviu um colega gritar ‘C’est Léandro qui est arrivé’ (Léandro chegou). Todos vieram recebê-lo e vimos o alívio em seu rosto. Em oito meses, ele já dominava o francês e nunca mais quis falar português. Percebemos que desejava ser como os outros. A única diferença é a cor de sua pele.
Ele é gentil, afetuoso e adorado pelos amigos”, descreve a orgulhosa mãe. “Sempre dizemos a ele que, aconteça o que acontecer, nós estaremos aqui e que o amamos muito. Quando perguntamos a ele se nos ama, ele afirma com toda força: ‘Oui’. Tenho certeza de que o destino armou esse encontro para nossa maior e grande felicidade.”
Postado Por Cintia Liana
Um comentário:
Boa noite!!!!
Primeiramente gostaria de parabenizá-la pelo blog. Adorei o seu trabalho e todas as postagens.
Iniciei o meu TCC e será sobre adoção. Desde o início da graduação me interessei pelo tema, pois o mesmo faz parte da minha história. Sou adotada e tenho muito orgulho disso, fui imensamente privilegiada pelos pais colocados na minha vida.
Quando soube que era adotada tive a curiosidade de saber o motivo que levaram os meus pais a quererem um filho adotivo. A partir disso, vou desenvolver o meu trabalho de conclusão de curso. Estudo o 8º período de Psicologia na Universidade Federal de Alagoas.
Achei fantástico o seu blog e me encantei com a forma que vc escreve sobre o tema adoção.
Gostaria se possível uma ajuda com indicações de textos e livros sobre o tema.
Abraço.
Amanda Santos, estudante de Psicologia da Universidade Federal de Alagoas.
Meu e-mail é: mandinhapopi@yahoo.com.br
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