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Por Mafalda Teixeira
A vinculação é a necessidade de criar e manter relações de proximidade e afectividade com os outros, de o bebé se apegar a outros seres humanos para assegurar protecção e segurança. Esta relação é uma necessidade básica/primária que é decisiva para o desenvolvimento físico e psicológico do bebé.
Para assegurar estas relações de proximidade com as figuras de vinculação/protecção, os bebés recorrem a determinados esquemas comportamentais como chorar, sorrir, mamar, etc.
Investigação de Bowlby:
Bowlby desenvolveu um conjunto de investigações sobre as relações entre as perturbações de comportamento e a história da infância. Concluiu que a proximidade física do progenitor é uma necessidade inata, primária, essencial ao desenvolvimento mental do ser humano e ao desenvolvimento da sociabilidade. Defendeu que a vinculação aos progenitores responde a duas necessidades: protecção e socialização.
Outras investigações – Teoria da Vinculação
Uma psicóloga canadiana que trabalhou com Bowlby e que desenvolveu a teoria da vinculação concluiu que se a relação com os pais gera segurança, na medida em que o bebé está certo que a relação se mantém para além da separação, a criança sente-se mais livre para descobrir o mundo, para estabelecer outras relações. A partir de uma experiência em que a investigadora registou o efeito da separação e do reencontro de bebés com as suas mães, distinguiu 3 categorias de vinculação:
•® Vinculação Segura – os bebés choram e protestam pela ausência da mãe e procura o contacto físico logo que ela se aproxima de novo (vinculação ideal)
•® Vinculação Evitante – os bebés parecem indiferentes à separação da mãe e ao seu regresso
•® Vinculação Ambivalente/Resistente – os bebés manifestam ansiedade mesmo antes da mãe sair e perturbação quando as abandona, hesitando entre a aproximação e o afastamento dela quando esta regressa
A qualidade das primeiras vinculações influencia as relações que a criança vai estabelecer no futuro. Estas serão como que um modelo do que se pode esperar dos outros.
Para estudar a relação dos bebés com os pais, a investigadora realizou a mesma experiência com o progenitor masculino e concluiu que o sofrimento era maior quando a mãe deixava a criança e a alegria maior quando ela voltava. Em idades precoces, a mãe parece mais importante.
Algumas críticas foram feitas relativamente à forma como se retiraram as conclusões da experiência, sobretudo se não se tiver em conta, para além de outros factores, as condicionantes de ordem cultural e socioeconómica.
A figura de Vinculação
O bebé estabelece laços de vinculação com a pessoa mais próxima que permanentemente cuida dele. Esta pessoa não terá de ser forçosamente a mãe biológica. Outros cuidadores podem substituir a mãe: há agentes maternantes, como os pais, outros familiares e outros elementos sociais que desempenham esse papel, funcionado como figura de vinculação.
Na sociedade actual em que as crianças estão inseridas em jardins-de-infância, são favorecidas outras relações que nos permitem falar de vinculações múltiplas.
Vinculação e Equilíbrio Psicológico:
O envolvimento físico e emocional que se estabelece na relação mãe-bebé permite que a criança cresça equilibradamente para fazer face às necessidades e dificuldades do dia-a-dia.
A mãe, ao interpretar e ao responder satisfatoriamente às necessidades orgânicas e aos estados emocionais do seu filho, não só disponibiliza prazer e satisfação no presente como influencia muitos aspectos da sua constituição psicológica, do seu espaço psíquico no futuro.
As representações relacionais que se constroem durante a primeira infância contribuem para a estruturação da sexualidade. A boa qualidade da relação com a mãe manifesta-se numa relação mais equilibrada com o seu próprio corpo, sem tensão e inibições excessivas, o que leva a uma maior proximidade com os outros significativos.
A um processo de vinculação securizante corresponderá uma melhor regulação emocional: favorece a confiança em si próprio, a capacidade em ultrapassar as dificuldades, em se sentir bem consigo mesmo e com os outros. A confiança que se pode estabelecer nestes primeiros vínculos permitirá gerir com mais segurança os desafios que as interacções com os outros implicam. Assim, um vínculo seguro e confiante propiciará interacções sociais positivas e seguras, aumenta a confiança nos outros.
Individuação – necessidade primária de o ser humano criar a sua própria identidade, a sua individualidade, de se distinguir daqueles com quem mantém laços de vinculação.
Na base do processo de individuação está a vinculação. São as figuras de vinculação que favorecerão o processo de individuação, ao desenvolverem relações de segurança e de confiança com o bebé. É o sentimento de segurança e de confiança em saber que os pais permanecem que motiva a criança a ousar explorar o meio, a afastar-se – princípio do processo de autonomia.
Com o devido crédito ao autor e publicação da fonte
Postado Por Cintia Liana
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