Foto: Facebook
Tenho que repetir aqui um dos parágrafos do texto anterior, de Fernando Nazaré.
Como assinala Rolim (...):
“Temos, no Brasil, cerca de 200 mil crianças institucionalizadas em abrigos e orfanatos. A esmagadora maioria delas permanecerá nesses espaços de mortificação e desamor até completarem 18 anos, porque estão fora da faixa de adoção provável. Tudo o que essas crianças esperam e sonham é o direito de terem uma família no interior das quais sejam amadas e respeitadas. Graças ao preconceito e a tudo aquilo que ele oferece de violência e intolerância, entretanto, essas crianças não poderão, em regra, ser adotadas por casais homossexuais. Alguém poderia me dizer por quê? Será possível que a estupidez histórica construída escrupulosamente por séculos de moral lusitana seja forte o suficiente para dizer: - “Sim, é preferível que essas crianças não tenham qualquer família a serem adotadas por casais homossexuais”? Ora, tenham a santa paciência. O que todas as crianças precisam é cuidado, carinho e amor. Aquelas que foram abandonadas, foram espancadas, negligenciadas e/ou abusadas sexualmente por suas famílias biológicas. Por óbvio, aqueles que as maltrataram por surras e suplícios que ultrapassam a imaginação dos torturadores; que as deixaram sem terem o que comer ou o que beber, amarradas tantas vezes ao pé da cama; que as obrigaram a manter relações sexuais ou atos libidinosos, eram heterossexuais, não é mesmo? Dois neurônios seriam, então, suficientes para concluir que a orientação sexual dos pais não informa nada de relevante quando o assunto é cuidado e amor para com as crianças. Poderíamos acrescentar que aquela circunstância também não agrega nada de relevante, inclusive quanto à futura orientação sexual das próprias crianças, mas isso já seria outro tema. Por hora, me parece o bastante apontar para o preconceito vigente contra as adoções por casais homossexuais com base numa pergunta: - que valor moral é esse que se faz cúmplice do abandono e do sofrimento de milhares de crianças?”
Referência:
Adoção: um direito de todos e todas. Conselho Federal de Psicologia (CFP). -- Brasília, CFP, 2008. 52p. Capítulo 7 (ultimo).
Documento disponível em: http://www.pol.org.br
Perfeito! Adorei o que li.
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Completo, dizendo:
Quer dizer então que tem gente que considera mais justo uma criança crescer num abrigo e sair de lá com 18 anos sem ter para onde ir, correndo riscos de se corromper pelo abandono, que crescer tendo pais homossexuais? É isso mesmo? Eu entendi?
Quer dizer então que tem gente que considera mais justo uma criança crescer num abrigo e sair de lá com 18 anos sem ter para onde ir, correndo riscos de se corromper pelo abandono, que crescer tendo pais homossexuais? É isso mesmo? Eu entendi?
O que tem de tão asqueroso e de tão repugnante em um casal homossexual? Por que eles estão menos preparados para serem pais? Por que não são capazes de constituir família e dar amor à um filho?
Vocês já se imaginaram "presos" num abrigo, crescendo sem família?
O que de tão horrível poderá acontecer a uma criança se for criada por pais homossexuais? Elas se tornarem igualmente homossexuais? Mas eu nunca vi um filho homossexual com pais homossexuais, assim como nunca vi adultos homossexuais terem filhos homossexuais, por mais que nessa relação ainda inclua a parte biológica. Se a convivência fosse assim tão determinante para educar filhos para serem homossexuais, para definir a orientação sexual de uma criança, então aliada a parte biológica deveria ser algo exato, não teria erro.
De todo modo, esse pensamento também já é preconceituoso. Mas digamos que pais homossexuais tenham o poder milagroso e tão manipulador de tornar seus filhos adotivos homossexuais, o que é melhor: ser homossexual ou se tornar um ladrão ou assaltante? Não que todas as crianças que saem dos abrigos se tornem pessoas ruins, mas é algo a se pensar.
Perguntem a uma criança de 8 anos o que ela prefere, estar em um abrigo ou ter pais homossexuais. Tenho certeza que ela já sabe o que significa.
Quem acha que é ruim para a criança, por que ela sofrerá preconceito, eu digo que o preconceito já começa em que tem medo dele. Será que não podemos combater o preconceito? Será que o preconceito e as pessoas de mente fechada são maiores que a nossa força de transformação para enfrentá-las?
Acho que temos que caminhar para frente e não deixar de fazer nada por medo de preconceito, até porque as pesquisas mostram que a criança adotiva que sofre preconceito, o sofre por ser adotada e não por ser filha de homossexual ou de pai solteiro.
As crianças precisam de amor, que as preparemos e não crescer em abrigos para que não ouçam piadas de gente medríocre na escola. Ou vamos deixar os medíocres e preconceituosos manipularem nossas ações, definir as nossas vidas?
Cintia Liana
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Conheci Marcos Rolim neste artigo citado e trago aqui seu breve currículo.
"Marcos Rolim iniciou seu trabalho em Direitos Humanos como membro da Anistia Internacional. Sua formação política deu-se na luta contra a ditadura militar em várias frentes de atuação. Liderança estudantil de destaque, foi eleito vereador em 1982, em Santa Maria, RS, com a maior votação da cidade. Na Câmara de Vereadores criou a Comissão de Direitos Humanos, presidindo-a por dois anos."
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"Eleito Deputado Estadual pelo Partido dos Trabalhadores em 1990 e reeleito para um segundo mandato em 1994, desenvolveu um intenso trabalho em Direitos Humanos que alcançou reconhecimento internacional."
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"O Deputado Marcos Rolim foi autor da primeira legislação da história Brasileira de "Reforma Psiquiátrica e de Proteção aos que Padecem de Sofrimento Psíquico", em 1992.
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Eleito deputado federal em 1998, assumiu a titularidade da Comissão de Constituição e Justiça e da Comissão de Direitos Humanos da Câmara e uma das vice- lideranças da bancada do PT."
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"Marcos Rolim tem mantido uma sólida relação com instituições e entidades internacionais na área de Direitos Humanos."
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"Marcos Rolim é jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Maria. Ensaísta e colaborador de inúmeros jornais e revistas brasileiras, é autor de "A Imitação da Política", um estudo sobre a burocratização dos partidos políticos e de "Teses Para Uma Esquerda Humanista", recente publicação crítica à ideologia tradicional da esquerda e de afirmação do paradigma dos Direitos Humanos. Marcos Rolim tem 40 anos, casado com Jussara Bordin e pai de Maíra (16) e Sofia (3)."
Fonte:
Por Cintia Liana
Um comentário:
Muito bom! O que Marcos Rolim é realmente verdade, achei incrível a maneira que ele expôs a opinião no parágrafo. Sem palavras.
Esse blog é excelente, fiquei fascinado ao descobrí-lo. Estou no 1º ano de Psicologia e me interesso muito por essa área de adoção, principalmente a homoafetiva.
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