"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

A herança emocional dos nossos antepassados

Foto: Biblioteca Virtual de Antroposofia

“A verdade sem amor dói. A verdade com amor cura.” 
A mente é maravilhosa, 20 nov 2017
A herança emocional é tão decisiva quanto intransigente e impositora. Estamos enganados quando pensamos que a nossa história começou quando emitimos o nosso primeiro choro. Pensar dessa forma é um erro, porque assim como somos o fruto da união do óvulo e do esperma, também somos um produto dos desejos, fantasias, medos e toda uma constelação de emoções e percepções que se misturaram para dar origem a uma nova vida.
Atualmente falamos muito sobre o conceito de “história familiar”. Quando uma pessoa nasce, ela começa a escrever uma história com suas ações. Se observarmos as histórias de cada membro de uma família, encontraremos semelhanças essenciais e objetivos comuns. Parece que cada indivíduo é um capítulo de uma história maior, que está sendo escrita ao longo de diferentes gerações.
Esta situação foi muito bem retratada no livro “Cem Anos de Solidão”, de Gabriel García Márquez, que mostra como o mesmo medo é repetido através de diferentes gerações até que se torna realidade e termina com toda uma linhagem. O que herdamos das gerações anteriores são os pesadelos, os traumas e as experiências mal resolvidas.
A herança de nossos antepassados que atravessa gerações
Esse processo de transmissão entre as gerações é algo inconsciente. Normalmente são situações ocultas ou confusas que causam vergonha ou medo. Os descendentes de alguém que sofreu um trauma não tratado suportam o peso dessa falta de resolução. Eles sentem ou pressentem que existe “algo estranho” que gravita ao seu redor como um peso, mas que não conseguem definir o que é.
Por exemplo, uma avó que foi abusada sexualmente transmite os efeitos do seu trauma, mas não o seu conteúdo. Talvez até mesmo seus filhos, netos e bisnetos sintam uma certa intolerância em relação à sexualidade, ou uma desconfiança visceral das pessoas do sexo oposto, ou uma sensação de desesperança que não conseguem explicar.
Essa herança emocional também pode se manifestar como uma doença. O psicanalista francês Françoise Dolto, disse, “o que é calado na primeira geração, a segunda carrega no corpo”.
Assim como existe um “inconsciente coletivo“, também existe um “inconsciente familiar”. Nesse inconsciente estão guardadas todas as experiências silenciadas, que estão escondidas porque são um tabu: suicídios, abortos, doenças mentais, homicídios, perdas, abusos, etc. O trauma tende a se repetir na próxima geração, até encontrar uma maneira de tornar-se consciente e ser resolvido.
Esses desconfortos físicos ou emocionais que parecem não ter explicação podem ser “uma chamada” para que tomemos consciência desses segredos silenciados ou daquelas verdades escondidas, que provavelmente não estão na nossa própria vida, mas na vida de algum dos nossos antepassados.
O caminho para a compreensão da herança emocional
É natural que diante de experiências traumáticas as pessoas reajam tentando esquecer. Talvez a lembrança seja muito dolorosa e elas acreditam que não serão capazes de suportá-la e transcendê-la. Ou talvez a situação comprometa a sua dignidade, como no caso de abuso sexual, em que apesar de ser uma vítima, a pessoa se sente constrangida e envergonhada. Ou simplesmente querem evitar o julgamento dos outros. Por isso, o fato é enterrado e a melhor solução é não falar sobre assunto.
Este tipo de esquecimento é muito superficial. Na verdade o tema não está esquecido, a lembrança é reprimida. Tudo que reprimimos se manifesta de uma outra forma. É mais seguro quando volta através da repetição.
Isto significa que uma família que tenha vivenciado o suicídio de um dos seus membros provavelmente vai experimentá-lo novamente com outra pessoa de uma nova geração. Se a situação não foi abordada e resolvida, ficará flutuando como um fantasma que voltará a se manifestar mais cedo ou mais tarde. O mesmo se aplica a todos os tipos de trauma.
Cada um de nós tem muito a aprender com os seus antepassados. A herança que recebemos é muito mais ampla do que supomos. Às vezes os nossos antepassados nos fazem sofrer e não sabemos o porquê.
Talvez tenhamos nascido em uma família que passou por muitas vicissitudes, e não saibamos qual é o nosso papel nessa história, na qual somos apenas um capítulo. É provável que esse papel nos tenha sido atribuído sem o nosso conhecimento: devemos perpetuar, repetir, salvar, negar ou encobrir as feridas destes eventos transformados em segredos.
Todas as informações que pudermos coletar sobre os nossos antepassados serão o melhor legado que podemos ter. Saber de onde viemos, quem são essas pessoas que não conhecemos, mas que estão na raiz de quem somos, é um caminho fascinante que só nos trará benefícios. Isto nos ajudará a dar um passo importante para chegar a uma compreensão mais profunda de qual é o nosso verdadeiro papel no mundo.
Fonte: http://www.antroposofy.com.br/forum/a-heranca-emocional-dos-nossos-antepassados/

As crianças amadas se tornam adultos que sabem amar

Foto Página da Revista Pazes
Revista Pazes, 1º fev 2016
Nossas primeiras experiências com o mundo marcam o início do nosso desenvolvimento emocional. Na infância se tece uma rede que conectará nossa mente e nosso corpo, o que determinará em grande parte o desenvolvimento da capacidade de sentir e de amar.
Neste sentido, nosso crescimento emocional dependerá dos nossos primeiros intercâmbios emocionais, que nos ensinarão o que ver e o que não ver no mundo emocional e social no qual nos encontramos.
Assim, o campo da nossa infância nos permite semear o amor de maneira natural, o que determinará que a capacidade de amar e de sermos amados cresça de maneira saudável e nos ajude a nos desenvolvermos no futuro.
“Somos seres emocionais que aprendem a pensar, não máquinas pensantes que aprendem a sentir”. Stanisla Bachrach

Se alimentarmos as crianças com amor, os medos morrerão de fome
As amostras de carinho e afeto elevam a autoestima das crianças e as ajudam a construir uma personalidade emocionalmente adaptada e inteligente. Ou seja, o nosso amor as ajuda a lidar com os medos naturais que surgem nas diferentes idades, fomentando um grau de sensibilidade saudável.

As crianças têm uma confiança natural em si mesmas. De fato, nos surpreende que frente a desvantagens insuperáveis e fracassos repetidos elas não desistam. A persistência, o otimismo, a automotivação e o entusiasmo são qualidades inatas das crianças.
Percebermos isso nos ajuda a sermos conscientes do quão importante é amarmos nossos filhos e educá-los em relação ao respeito, empatia, expressão e compreensão dos sentimentos, controle da impaciência, capacidade de adaptação, amabilidade e independência.
O que podemos fazer para criar crianças felizes e saudáveis?
O temperamento de uma criança reflete um sistema de circuitos emocionais inatos específicos no cérebro, um esquema de sua expressão emocional presente e futura, e de seu comportamento. Estes podem ser adequados ou não, por isso a educação deve se tornar um apoio e um guia para elas.
Para alcançar uma saúde emocional ideal, devemos mudar a forma como se desenvolve o cérebro das crianças. A ideia é que através do amor e da educação emocional estimulemos certas conexões neuronais saudáveis.
Ou seja, todas as crianças e todos os adultos partem de certas características determinadas que devem ser administradas em conjunto para que possamos alcançar o bem-estar físico e emocional.
Por exemplo, quando uma criança é tímida por natureza os adultos que se encontram ao seu redor a protegem exageradamente, fazendo com que ela se torne ansiosa com o passar do tempo.
A educação emocional requer uma certa “desaprendizagem” adulta. Uma criança tímida deve aprender a dar nome às suas emoções e a enfrentar o que a perturba, não deve sentir que cortamos suas asas porque ela é vulnerável.
Um adulto deve demonstrar empatia sem reforçar suas preocupações, propondo, por sua vez, novos desafios emocionais que a permitam evoluir. Deve-se proteger a saúde emocional da criança através do desenvolvimento de suas características naturais.
As chaves básicas de uma educação emocional saudável
1. Os especialistas costumam recomendar que ajudemos as crianças a falarem de suas emoções como uma maneira de compreender a si mesmas e os demais. Entretanto, as palavras só dão conta de uma pequena parte (10%) do verdadeiro significado que obtemos através da comunicação emocional.
Por essa razão, não podemos ficar só na verbalização; devemos ensiná-las a compreender o significado da postura, das expressões faciais, do tom de voz e de qualquer tipo de linguagem corporal. Isso será muito mais efetivo e completo para o seu desenvolvimento.
2. Há anos vem se promovendo o desenvolvimento da autoestima de uma criança através do elogio constante. Entretanto, isso pode fazer mais mal do que bem. Os elogios só ajudarão as nossas crianças a se sentirem bem consigo mesmas se eles estiverem relacionados a ganhos específicos e ao domínio de novas aptidões.
3. O estresse é um dos grandes inimigos da infância. Entretanto, é um inconveniente com o qual elas têm que conviver, por isso protegê-las em excesso é uma das piores coisas que podemos fazer. devem aprender a enfrentar estas dificuldades naturais de tal forma que desenvolvam novos caminhos neurais que as permitam se adaptar ao meio no qual vivem.
Não podemos tentar criar nossas crianças em um mundo da Disney de inocência e ingenuidade. O estresse e a inquietação fazem parte do mundo real e da experiência humana, tanto quanto o amor e o cuidado.
Se tentarmos eliminar esses obstáculos, impediremos que elas tenham a oportunidade de aprender e desenvolver capacidades realmente importantes que as ajudem a enfrentar desafios e decepções que são inevitáveis na vida.
Fonte: http://www.revistapazes.com/criancasamadas/

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Sobre gratidão, adoção e ter filhos


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"A criança adotada, como todo filho, não prima pela gratidão antes da aquisição de certa maturidade. Portanto, se você está adotando à espera de gratidão e reconhecimento, sugiro que faça outra coisa. Cabe aos filhos testarem o amor dos pais para saberem se ele é confiável. Ninguém vai precisar tanto desta confirmação quanto uma criança que já foi preterida. Nesse caso, se a criança ousar confiar no seu amor, o que é bom sinal, agirá como um filho demandante e desafiador por algum tempo, esperando tanto amor quanto limite –dobradinha de ouro da criação e que só pais amorosamente investidos têm força para sustentar ao longo do tempo.

Quanto a "fazer o bem", vamos e convenhamos que a escolha por ter filhos implica motivações inconscientes, geralmente ignoradas. Temos filhos por razões que nos escapam e que são profundamente narcísicas. Você quer ter filhos? Não coloque isso na conta deles, assuma suas motivações, sejam quais forem. Ignorá-las só traz ressentimento e raiva.

Quem quer uma gestação nem sempre quer um bebê, e quem quer um bebê nem sempre quer um adolescente, etc. Maternidade e paternidade são funções vitalícias e intransferíveis, enquanto que a fase bebê-criança é rapidíssima em relação ao conjunto da obra."

(Vera Iaconelli)

sábado, 11 de novembro de 2017

Leis jurídicas, leis sistêmicas e a prioridade de permanência na família de origem

Google Images


É interessante como as leis brasileiras de adoção respeitam as leis sistêmicas familiares. Ao menos, é o que se vê “no papel”. 
O fato de dar prioridade à criança de permanecer em sua família biológica, no intuito de proteger o seu direito intrinseco, de crescer no seu seio de origem, inserida em seu campo energético de nascimento, por exemplo, é algo altamente subjetivo e traz uma ordem social também muito profunda. Isso não faz referência ao sangue, mas à energia, ao seu destino. Destino num sentido mais amplo e não no sentido religioso. E é necessário uma profunda humildade para entender isso. Humildade, para não alimentarmos a pretensão de que temos o poder de “arrancá-la fisicamente” do convívio dos seus antenados. 
Esgotadas essas possibilidades de permanência, é que ela vai para adoção, o que é algo também muito precioso, mas faz parte de outra etapa. A partir daí, ela começa a fazer parte de dois sistemas familiares, o de origem e o de nascimento. Os dois são importantes e serão sempre essencias em sua vida. Um deu a vida e o outro deu a possibilidade dela continuar "existindo psicologicamente", na dignidade e no amor. 
Conhecer as leis sistêmicas, protege criança, família adotiva e biológica de sofrer as negativas consequências no caso de injustiças, do desrespeito a essas ordens, que a nossa lógica racional, muitas vezes, tem a impossibilidade de conceber.



Cintia Liana

terça-feira, 10 de outubro de 2017

A mulher do Júnior Lima, Monica Benini, faz parto humanizado domiciliar

A mulher do Júnior Lima, Monica Benini, faz parto humanizado domiciliar e isso é para se festejar. Só fortalece a causa e muito. 
Morando fora do Brasil, há tempos não sabia da trajetória atual desse talentoso músico e fiquei muito feliz em saber como ele está levando e escolhendo a sua estrada de vida. 
A sua mulher também expressa ser uma pessoa consciente, que vive muito fora do esquemas tradicionais. Feliz por eles.

Cintia Liana





Leia mais:

A família do músico Junior Lima e de Monica Benini cresceu. Nesta terça-feira (3), eles anunciaram o nascimento de Otto, primeiro filho dos dois. "OTTO CHEGOU!!! Fomos invadidos por uma felicidade e paixão arrebatadoras!!! Ele na... - Veja mais em https://tvefamosos.uol.com.br/noticias/redacao/2017/10/03/nasce-otto-primeiro-filho-de-junior-lima-e-monica-benini.htm?cmpid=copiaecola

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

A psicóloga Cintia Liana na rádio italiana


Caros amigo e leitores, 
esse é o link da minha primeira entrevista em italiano. 
Falei sobre a minha chegada na Itália, psicologia neonatal, a importância da amamentação e psicologia familiar. 

Comecei amamentando. Militando. 
🙏


Programa By Night Roma, na "RadioRadio", FM104,5. 

🎧🎤🎙📻🎥

Acessem:

https://www.facebook.com/RadioRadioByNightRoma/videos/1449333915121243/?hc_ref=ARSRYYsO2pMGmRpdQQrUGLDOEVQEYQsTnh-rnKkX-SXBhxOzcmvNKIJi7M3OLZ9EM2o&pnref=story

A psicóloga Cintia Liana. 
Apoiando a amamentação.





A psicóloga Cintia Liana 
na "RadioRadio", FM104,5, em Roma, Itália. 

🎧🎤🎙📻🎥



segunda-feira, 8 de maio de 2017

O parto e a dignidade, um parto natural após um cesáreo

Após 3 meses e meio sem postar, hoje senti vontade de recomeçar falando do parto da minha segunda filha, um VBAC (Vaginal Burn After Cesarian) de sucesso. É isso, eu sou uma VBAC de sucesso e vim aqui contar essa história maravilhosa para vocês.

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"O parto e a dignidade"
Um parto natural após um cesáreo

Cintia Liana

Desde o parto da minha primeira filha alimentava o desejo de ter outro bebê. Parecia que ainda faltava alguém em casa. Agora sinto a minha família completa.
Como o meu primeiro parto não teve o período de expulsão e acabei fazendo um cesário depois de muitas horas de trabalho - porque não me deixaram parir na posição que desejava, porque não senti que tive privacidade, etc. - queria muito ter um segundo parto todo natural, sem anestesia ou nada que me fizesse estar longe da espontaneidade do fenômeno do nascimento.
Ao mesmo tempo sentia medo de um novo parto, mais especificamente de um cesáreo, e só engravidei depois de me liberar completamente desses temores através de uma constelação familiar com o meu colega psicólogo Dr. Stefano Silvestri. Esses medos não eram meus. Agarrei o meu destino com determinação.
Mesmo sabendo, antes mesmo de engravidar, que poderia e tentaria um parto natural, mudei o percurso dos planos do parto na segunda metade da gestação, alterando certas escolhas quando estava com 5 meses e meio. Não queria uma abordagem médica em minha gravidez.
Trabalhei as minhas limitações, crenças, insegurança. Não as aceitava. Pedi orientação espiritual para escolher os profissionais certos. Já fazia terapia, li muito, fiz outras constelações familiares, a essa altura fazendo o curso de formação em constelações com Dr. Silvestri. Recebi aplicações de Access Bars Conscionsness. Gostei tanto que comecei a fazer o curso para me tornar operadora de Bars e passei a repetir as frases de limpeza, para mudar antigas crenças. Fiz também o curso de parto Leboyer com Letizia Galiero, aprendiz do próprio Leboyer. Abri os meus horizontes mais ainda, mudei os meus pontos de vista, acreditei em algo muito maior para mim. Num país que estou aprendendo a conhecer, em busca de um Vbac (vaginal burn after cesarian - parto vaginal após cesáreo) com profissionais realmente respeitosos. Não queria correr o risco de apressarem o meu segundo parto novamente.
Dentre três indicadas, escolhi a que seria a minha doula, mais precisamente uma obstetriz - ostetrica em italiano - ela é também naturopatapara, Monica Marino, que me encaminhou para uma clínica, a Casa di Cura Villa Maria Pia em Roma. Queria, desta segunda vez, um hospital pequeno, mas todo equipado, acolhedor, talvez um parto na água. Me dei conta de que não queria o mesmo grande hospital "renomadíssimo" da primeira experiência, onde as mulheres parecem ser mais um número.
Mas o médico que me acompanharia junto à obstetriz queria que eu fizesse um cesário, porque não era um especialista em VBAC. Discutimos a possibilidade de um cesáreo como interveção depois do início do trabalho de parto, para ser menos traumático, para esperar a hora certa do bebê. Um cesáreo porque segundo ele o espessor de minha cicatriz estava abaixo do indicado para um parto natural e com as contrações poderia se abrir. Não me conformei, pois eu sabia que poderia fazer um parto espontâneo. A minha intuição gritava e dizia "confie em teu corpo, você pode, você tem compreensão!".
Eu e meu marido fomos a uma consulta com um dos maiores especialista da Itália em parto VBAC, o Dr. Carlo Piscicelli do hospital Cristo Re em Roma, indicado por uma das obstretrizes indicadas, a Sonia Di Pascali. Ele confirmou que a minha consciência estava certa, que eu era uma forte candidata ao VBAC, porque não era obesa, minha cicatriz era horizontal e eu tinha feito o cesáreo há mais de 1 ano e meio, melhor, há mais de 4 anos. Esses três pré requisitos fazem parte do protocolo da Organização Mundial da Saúde para um parto espontâneo depois do cesáreo. Quanto a espessura da cicatriz, isso consta só nos livros, pois na prática é mais esperado que tudo corra bem e uma ecografia não é capaz de medir bem essa espessura, tanto que fiz trê e cada uma era diferente da outra.
Abandonei o velho, abracei o meu lado forte e confiei na vida, na minha intuição. Tudo fluiu na mais perfeita ordem. A pedido meu, a minha obstetriz conseguiu mudar alguns protocolos da clínica para que eu tentasse um parto espontâneo, sem epidural e assinei os documentos de rotina do protocolo VBAC.
Duas semanas antes da data prevista para o parto, no dia 3 de fevereiro, comecei a sentir as contrações, A Monica (obstetriz) foi à minha casa e me examiou, quando eu atingi quase 4 centímetros de dilatação fomos para a clínica. Ter ela perto de mim fez toda a diferença, uma mulher sábia, segura, sensível e forte. Foi um dinheiro muito bem investido. Realmente bravíssima!
Fui no carro sentindo uma dor alucinante que me levava para o mágico mundo do parto, do nascimento. Eu aceitei aquela dor, que tem todo um motivo para existir , como bem sabe a famosa psicóloga Laura Gutman.
Já tinha uma consulta marcada pelo Skype, então no percurso fui falando ao telefone com uma obstetriz de Torino e operadora Bars, a Laura Sartorio, que me ajudava com as frases de Bars, para que eu fizesse um parto rápido e todo natural, com menos dor e sem medo, para que eu tivesse toda a consciência desse momento e o vivenciasse com facilidade, felicidade e glória. A Laura publicou um livro chamado Concepire Sè, que fala em como o Access Bars Consciosness ajuda na maternidade consciente.
Chegamos na clínica, deitei na cama para a monitoragem fetal, a bolsa estourou e naturalmente começaram as contrações para a expulção. Fui para a sala de parto. Meu marido me dando todo o apoio emocional e físicamente naquele momento que exigia de mim toda a minha força física. Como um bom marido é importante! Trabalhei na água, relaxei, depois quis sair e ficar de cócoras. Foi a experiência mais forte de minha vida. Mobilizou todas as minhas moléculas. Quando peguei a minha filha nos braços, ainda quente saindo do meu ventre, molhada e com o cheiro de liquido amniótico, ainda ligadas pelo cordão umbilical fiz contato com uma parte minha ancestral fortíssima. Tudo fez sentido. Conclui também um processo que me faltou no parto de minha primeira filha.
Saí da sala de parto andando, apoiada nos ombros de meu marido, me sentido a mulher mais incrível do mundo por ter conseguido realizar o meu sonho. Senti uma dignidade inexplicável, um amor diferente por minha mãe, por ter me parido com a mesma dor. Grande prova de amor da parte dela. Uma dor que nos leva além, que nos permite fazer contato com o bebê, que nos encaminha em direção ao nascimento de uma nova mulher. Paradoxalmente, hoje até compreendo uma mulher que tem medo do parto, mas eu escolhi um caminho sem medo, os caminhos para a consciência. Me cerquei de conhecimento e autoconhecimento e esses caminhos nos elevam.
Ri e chorei por horas. Até agora sinto um respeito e um orgulho de mim que me dizem que nunca mais serei a mesma.

Cintia Liana Reis de Silva
Psicóloga
Brasileira de nascimento, italiana de casamento
Vive e trabalha na Itália

Escrevi esse texto para dar força às muheres que querem confiar em si mesmas e alimentam o sonho do parto natural.

[Vorrei ringraziare alcuni professionisti di avanguardia, che mi hanno seguito in questo ricchissimo percorso e altri che ho fatto contatto per arricchire ancora di più il mio sguardo davanti alla potenza della nascita e che hanno creduto in me.
Monica Marino Claudia Casetti Dott. Stefano Silvestri Dr. Massimo Preziuso Dr. Ricardo Chemas Laura Sartorio]

#PartoCintiaLiana #Parto #SegundaFilha #SegundoPartoCintiaLiana #OPartoeaDignidade

Livro de Laura Sartorio
Concepire Sè

Cintia Liana
12 dias após o parto

Cintia Liana
24 dias após o parto

sábado, 21 de janeiro de 2017

A descoberta do parto



Curso de parto Leboyer, di Letizia Galiero e Sonia Di Pascali.
Nepi, Roma.

E imersa em um percurso de busca da plena consciência da gravidez, parto, nascimento, e pós parto descobrimos que a sociedade não sabe absolutamente nada sobre esses temas. As mulheres estão desaprendendo a parir, o parto virou um business, ele foi “roubado” pela ciência, pela medicalização.
As pessoas não fazem ideia de como é melhor para mãe e crianças serem “preparados” pelos hormônios no parto espontâneo. De como o ser espremido na hora da passagem prepara a criança psicologicamente para enfrentar a vida. O parto é um fenômeno da natureza. Se podemos escolher, então que sejamos pela natureza.
E o que me assusta é que muitas mulheres são induzidas a caírem na armadilha do cesáreo. Tem gente que as aterrorizam. A maioria dos médicos inventam as coisas mais inimagináveis para conduzi-las ao cesáreo e elas acreditam! Por desinformação, por inexperiência, por medo. Muitas nunca se darão conta depois de que foram enganadas e as que se dão conta buscam um segundo parto natural com todas as forças, mas nem todas as estruturas de hospitais são preparadas para um parto Vbac (Vaginal Burn after Cesarian - parto vaginal depois do cesáreo), então elas têm que se desdobrar para buscar as "pessoas certas".
Parto domiciliar hoje é luxo, não só no Brasil como na Itália, mas é mais luxo ainda porque as pessoas que o procura são aquelas que têm uma compreensão diferente do parto e aquelas que se permitem o melhor.
Eu desejo às mulheres mais consciência, mais informação, mais força, que escolham experimentar a dor do parto sem medo, porque essa dor tem todo um sentido especial para existir, as auguro mais partos espontâneos e domiciliares, porque a nossa "toca" é o lugar mais seguro e acolhedor do mundo, mais hospitais humanizados, mais acolhimento, mais intimidade, sabedoria e desapego a antigas crenças a esquemas familiares para se unirem a homens que as apoiem emocionalmente e em todos os outros sentidos. Leiam Leboyer, mulheres!
Nós não podemos aceitar mais violência obstétrica em favor da ganância, da ignorância e do dinheiro, devemos ser o instrumento de força para que a mudança aconteça e que seja uma mudança para o que há de mais autêntico, saudável e verdadeiro para a humanidade.

Cintia Liana Reis de Silva, psicóloga