"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

domingo, 31 de julho de 2011

Um abrigo para bebês abandonados

Google Imagens

A roda dos enjeitados – local onde as crianças eram colocadas para doação – era um processo civilizador em uma sociedade que não considerava o infanticídio crime.

Publicado em 16/07/2011 | Por Pollianna Milan

O abandono de crianças é uma prática antiga, tendo registros na Bíblia, no caso de Moisés, e na tragédia grega, com Édipo Rei. Mas foi depois da Peste Negra (1348) que o número de bebês deixados à própria sorte se multiplicou pelas cidades europeias. Coube à Itália criar as primeiras rodas dos “enjeitados” (ou expostos), nome dado às crianças abandonadas pelos pais. As Santas Casas de Misericórdia tinham cilindros de madeira giratórios fixados na parede que serviam de contato com o mundo externo. Inicialmente, eram usados para receber doações e mantimentos, mas com o tempo passaram a ser o destino de recém-nascidos rejeitados. Normalmente a criança era abandonada na calada da noite e a mãe, assim, tinha a identidade preservada. Ao colocar o bebê, tocava-se uma campainha e a rodeira da instituição cristã vinha recolher o rebento.

O Brasil passou a adotar a roda dos enjeitados como uma herança do reino português. O primeiro registro de que se tem notícia de uma Casa de Enjeitados no país é na capital baiana, Salvador (1726); depois aparece uma no Rio de Janeiro (1738) e outra no Recife (1791). Segundo o professor de arquivologia Renato Pinto Venancio, da Universidade Federal de Minas Gerais, durante o Brasil colonial existiram quatro rodas (fora as citadas, havia uma em Campos-RJ). “Mas, após 1840, elas chegaram a ser 14, depois começaram a fechar. A última foi a de São Paulo, que encerrou as atividades em 1950”, diz.

Como o número de crianças abandonadas crescia no Brasil, entre os séculos 18 e 19, a corte portuguesa inicialmente se preocupou em resolver o problema, já que o infanticídio não era visto como crime, mas pecado. “Ao saber que as crianças expostas eram devoradas por cães e porcos, isso se tornou um incômodo aos administradores portugueses”, afirma a historiadora Alcileide Cabral do Nas­­cimento, da Universidade Fe­­deral Rural de Pernambuco. A roda foi também um processo civilizador. “O Estado começa a desestimular as práticas infanticidas, pois não era aceitável uma selvageria dessas”, lembra Alicileide. Como as crianças normalmente eram abandonadas perto de rios, em monturos (lixões da época) ou até na beira das praias, muitas morriam sem ao menos receber o batismo. Por isso, o acolhimento em instituições católicas seria favorável para, pelo menos, as crianças receberem a “salvação”. “Criou-se um medo entre os adultos de que as almas das crianças ficassem penando naquele lugar de espera eterna”, diz Alcileide.

Precocidade
Aos 7 anos, crianças iam trabalhar
Crianças abandonadas nas rodas dos expostos ficavam na instituição religiosa ou iam viver com uma ama de leite até completar cerca de 3 anos. Isso porque a casa costumava ficar cheia e, quando a demanda era muito grande, restava às câmaras municipais contratar amas para o cuidado das crianças. Quando não tinha condições de amamentar, ela era chamada de ama-seca.

As crianças ficavam nas rodas até os 7 anos. Depois disso, elas começavam a trabalhar. Os meninos iam para agricultura, para as escolas de ofício, internatos e alguns foram preparados até para a guerra (garotos deixados na roda chegaram a ser enviados à Guerra do Paraguai). Já as meninas viravam empregadas domésticas. O problema é que muitas sofriam maus-tratos e eram violentadas sexualmente, por isso fugiam e retornavam à roda.

Já no início do século 20, a roda dos expostos começou a enfrentar outros problemas, porque crianças maiores, com 7, 10 e 12 anos eram simplesmente abandonadas em frente às instituições. Foi também por causa disso que o governo se viu obrigado a criar os orfanatos.

Venancio lembra ainda que as rodas estavam em instituições religiosas porque, como parte das crianças abandonadas eram pobres, entendia-se que “as desigualdades sociais eram um desígnio de Deus, para proporcionar a salvação das almas daqueles que vivem na fortuna.” “Hoje, isso parece estranho, mas era assim que funcionava na sociedade da época”, explica.

Motivações
Entre os séculos 18 e 19, as rodas do Rio e de Salvador receberam 40 mil crianças abandonadas. De acordo com Venancio, a expectativa, na época, era de que 10% dos recém-nascidos eram enjeitados. E isso ocorria principalmente por dois fatores: miséria ou honra. As mulheres brancas e livres da elite que se arriscavam em encontros clandestinos e amorosos, e que ficavam grávidas, abandonavam os filhos para ter a garantia de um matrimônio bem sucedido, afinal mulher solteira que virava mãe era por fruto do pecado. Mulheres e homens casados que tinham amantes e geravam filhos ilegítimos também os abandonavam por uma questão de honra familiar.

Oportunidade
As escravas viram na roda uma maneira de livrar os filhos da escravidão. Por isso algumas usaram o sistema para libertar os pequenos, abandonando-os. Alcileide também encontrou nos documentos que pesquisou viúvos que largaram o filho na roda porque a mãe havia morrido no parto, bem como crianças com deficiências físicas e mentais. “Neste período, os pais que tinham filhos deficientes eram vistos como pecadores, por isso era uma vergonha apresentar os pequenos à sociedade”, explica a historiadora.

Casais pobres com muitas crianças deixavam bebês na roda até que pudessem ter condições de criá-los. E, para identificar as crianças, as rodas montaram fichas de identificação. No livro de entrada (de registro), as crianças recebiam um nome (quando não vinham com o nome escrito em um bilhete) e ali se detalhava qual o horário que o pequeno chegou, quanto aparentava ter de dias ou meses de vida e que roupas vestia. Assim, se a família voltasse para procurar a crianças, seria mais fácil identificá-la.

Bilhetes pediam o batismo dos recém-nascidos
Muitas crianças chegavam à roda dos expostos com um bilhetinho junto ao corpo: na maioria das vezes um pedido dos pais para que a criança fosse batizada. “A preocupação central era a salvação espiritual”, afirma o professor de arquivologia Renato Pinto Venancio, da Universidade Federal de Minas Gerais. Às vezes, o bilhete vinha com uma justificativa do abandono: em geral, por causa da morte dos pais, doenças familiares, vergonha do filho ilegítimo e até abandono por necessidade de viagem. “Houve pais que deixaram um bilhete dizendo que mais tarde buscariam o filho, porque naquele momento não tinham condições de criar”, lembra a historiadora Alcileide Cabral do Nascimento, da Universidade Federal Rural de Pernambuco.

Ao contrário do que se imagina, inicialmente os enjeitados eram, em sua maioria, crianças brancas. Alcileide explica que aparentemente não houve preferência dos pais em abandonar filhos em decorrência do sexo. “A exceção vem de Porto Alegre, onde, entre 1845 e 1856, foram expostas mais meninas (62,4%) do que meninos (37,6%).” Só no século 19 é que há uma tendência de diminuição das crianças brancas e um aumento das mestiças. “Na segunda metade do século 19 existe a difusão das teorias racistas no Brasil e as crianças negras e mestiças eram vistas como raças degeneradas”, afirma Alcileide.

Mortes
O acesso às rodas dos enjeitados também não era garantia de sobrevivência. Alcileide lembra que 70% dos rebentos morriam depois de serem abandonados na roda, seja porque adquiriam doenças, como a sífilis, das amas-de-leite (mulheres contratadas pelo Estado para amamentar os abandonados), porque eram maltratados e até por falta de higiene. “É como se o Estado chamasse para si o direito de matar, porque as crianças morriam sob responsabilidade dele.” Venan­­cio lembra ainda que a mortalidade também estava atrelada à amamentação artificial: “Não se sabia como eliminar os microorganismos do leite de vaca, por meio da fervura. Isso só foi descoberto depois do século 19.”

Mudança
As rodas fecharam na Europa no século 19 e, no Brasil, só um século depois: a última funcionou em São Paulo até 1950. Isto porque, houve uma valorização da maternidade e na normatização da sexualidade feminina. “O discurso médico passou a ser que a maternidade é natureza de qualquer mulher”, explica Alcileide. As amas de leite, antes vistas como salvadoras das crianças abandonadas (e disputadas até pelas mulheres de grandes fazendeiros, para a amamentação dos filhos), passaram a ser vistas como um ato de desamor.



Postado Por Cintia Liana

sábado, 30 de julho de 2011

Em média é adoptada uma criança por dia em Portugal

Cacau Waller
Em Portugal existem actualmente pouco mais de 500 crianças em condições de ser adoptadas, mas são mais de dois mil os processos de candidatos a futuros pais. De acordo com os últimos dados do Instituto de Segurança Social (ISS), desde Junho de 2006 até Abril deste ano foram adoptadas em Portugal 2.022 crianças. Ou seja, todos os anos 404 menores encontraram uma nova família. Conseguir adoptar uma criança pode chegar a demorar vários anos, mas nem por isso quem sonha ter um filho deixa de tentar a sua sorte por esta via, quer esteja sozinho ou acompanhado. Em Abril deste ano existiam 1.879 candidaturas de casais e 385 individuais. No mesmo mês, em condições de serem adoptados estavam apenas 532 menores.

O processo de adopção não é simples: é preciso cruzar o perfil da criança com o dos futuros pais para garantir que as expectativas não são goradas. Os casos de crianças que depois de serem adoptadas são devolvidas às instituições são "residuais", mas fonte do ISS sublinha: "Por menos casos que existam, a situação é sempre bastante lesiva para a criança, por isso basta existir um para nos preocuparmos". A maioria dos futuros pais sonha em adoptar um bebé órfão mas muitas das crianças em condições de adoptabilidade são meninos "marcados por histórias de vida bastante complicadas", explicou à Lusa fonte do ISS. Para tentar reduzir os casos de insucesso e garantir que os "pais" estão aptos, o ISS lançou no final de 2009 um Plano de Formação para a Adopção, que começa com sessões de formação (sessão A) a todos os que ainda estão a pensar se querem ou não adotar uma criança.

O relatório do Departamento de Desenvolvimento Social do ISS de 2010 sublinha um facto "curioso" sobre as sessões com possíveis interessados: "Constata-te que houve um maior número de pessoas interessadas no processo de adoção no período que sucede ou precede o período de férias". Ou seja, "foi em setembro que se verificou maior número de sessões". Depois, da primeira para a segunda fase (sessão B), em que o casal ou pessoa individual decide realmente avançar com o processo, o número de "candidatos" desce quase para metade. De acordo com o relatório, participaram na sessão A 1.629 formandos, enquanto na sessão B participaram cerca de 770. O ISS explica que este plano de formação foi criado precisamente para garantir que as pessoas que estão inscritas nas listas de espera não vão desistir da criança à primeira contrariedade.



Postado Por Cintia Liana
Por Sílvia Maia (LUSA)
Lisboa, 24 julho

Em média é adoptada uma criança por dia em Portugal. É um projecto que deixou de ser exclusivo dos casais. Em Abril, 385 pessoas sozinhas estavam inscritas nas listas nacionais de adopção, representando cerca de um quinto dos processos.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Campanha Adoção - Laços de Amor filme 3 versão estendida

Versão estendida:



A aposentada Íria Guterres da Rocha - que tem dois filhos biológicos - conta que nunca havia pensado em adotar. Mas a sua vida teve uma reviravolta quando começou a trabalhar como voluntária no Lar Recanto do Carinho, em Florianópolis. Lá, conheceu Gabriel, na época com dois anos. Como era uma criança com necessidades especiais e que precisava de muita atenção, o trabalho de Íria na instituição foi, aos poucos, se concentrando somente em Gabriel. Até o dia em que ela não conseguiu mais deixá-lo lá.


Simplesmente amor!

Postado Por Cintia Liana

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Abrigos: As crianças fora da lista de adoção

Beneath this Burning Shoreline

22/07
Por Ane Veiga – Jornalista e psicóloga

Faço trabalho voluntário em um abrigo com crianças e adolescentes em situação de risco, e conforme os vínculos vão se formando, novas oportunidades se abrem. Hoje saí pela primeira vez com as crianças, para um passeio. Levei apenas 3, dois meninos de 5 anos e uma menina de 7 anos, cinema, McDonalds e passeio no shopping. Semana que vem irei levar os que não foram dessa vez, um menino de 12 anos, uma menina de 9, e a pequena de 3 anos.

Tudo correu bem e se comportaram dentro do esperado. Mas o que ainda me choca é ver como essas crianças tem a infância roubada.... como o abandono fica marcado nesses coraçõezinhos... me sinto impotente, qualquer coisa que eu fizer será pouco, e nunca o suficiente para reparar o mal feito a esses pequenos.

Foram algumas situações, mas que um olhar treinado já consegue perceber a insegurança, o medo de abandono e a falta de “traquejo” social dessas crianças.

Eles não largaram a minha mão, ficavam penduradas no meu braço 100% do tempo, com medo de serem largadas ou esquecidas. Depois de ensiná-los a andar de escada rolante, dois já estavam mais confiantes e conseguiam “entrar” sozinhos, acabei me esquecendo de auxiliar o terceiro e entrei na escada... O desespero desse menino ao perceber que ficou para trás me cortou o coração, ele gritava e chorava, eu tentando voltar e tentando acalmá-lo, explicando que eu não iria deixá-lo, para ele dar um passo e vir até a escada...até que ele conseguiu, grudou em mim chorando desesperado. Eles olhavam assustados para tudo e todos. No cinema uma das crianças sentou-se ao lado de um menino com a mãe. Ele observava a outra criança, e até antes de rir olhava para mim buscando aprovação. Correr, experimentar, gargalhar como as outras crianças, até aconteceu... mas demorou um pouco.

É muito triste você depender da caridade alheia para ter lazer... Crescer sem alguém te amando e se importando com você, sem alguém para te proteger do mundo, para te embalar quando você está assustado ou machucado, é muito triste.

Lembrei da Lídia Weber, e resolvi compartilhar esse texto, que reflete bem como me senti hoje. Retirado de http://promonaci.blogspot.com/search/label/principal

“Eu imagino o que vocês devem ver e ouvir por aí. Eu aqui no meu canto de pesquisadora também me deparo - constante e sistematicamente - com relatos impressionantes. Ando cansada dessa nova história de que existem "somente" 4416 crianças para adoção no país e mais de 20 mil pretendentes. Onde estão as 80 mil crianças citadas pela pesquisa oficial do IPEA em 2008 (e que pesquisou somente em Abrigos que recebiam fundos federais!)? Em menos de 3 anos elas desapareceram? Ou foram novamente colocadas em outro limbo, o "caixa-dois" do abrigamento. Somente aquelas crianças cujos pais foram destituídos do Poder Familiar é que entram no cadastro (não alimentado pela maioria absoluta dos Juizados do país, segundo relatos oficiais) e já cansei de ouvir que a maioria dos operadores da adoção não faz a destituição de milhares porque não "tem perfil"..., embora muitos tenham um lindo discurso público.... Visitei um abrigo recentemente que, das 24 crianças e adolescentes, apenas 2 estavam no cadastro; das outras, muitas adolescentes não tinham sequer processo! Cada abrigo que tenho visitado ou ouvido dados, tem cerca de 5 a 10% de crianças "disponíveis para adoção". O mesmo percentual de 20 anos quando fizemos a pesquisa que gerou o livro "Filhos da Solidão". Mas, antes se falavam de todas as crianças, agora fica esse discurso irritante de que existem apenas 4 mil e os adotantes é que são muito exigentes, só querem crianças brancas etc. e tal. E canso de ouvir relatos de pretendentes à adoção que querem adotar crianças especiais, crianças maiores, crianças com HIV e ficam esperando tanto e com tantas dificuldades: "não pode visitar abrigos", "não pode adotar quando perdeu um filho", "não pode adotar crianças menores de 12 anos se for homossexual", "não pode trabalhar em um abrigo e querer adotar", "não pode adotar criança especial porque deve querer alguma coisa com isso", " não pode...". E as crianças continuam esperando... e envelhecendo nos abrigos. Quando ficam bemmm grandes, algumas entram para o cadastro e novamente são os adotantes tachados de exigentes.... Parece aquela frase de Tomasi di Lampedusa: tudo deve mudar para que tudo fique como está. Relatos deste feito pela Camila são de tirar o fôlego de raiva. Quando é que vamos de fato fazer alguma coisa para mudar essa situação? Quem sabe seguir a sugestão do Dr. Sávio e fazer com que os operadores da adoção (muitos deles) passem algum tempo em abrigos....”

Lidia Weber, Professora Títular da UFPR - Em comentário feito no site da Angaad - Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção. Autora dos livros Filhos da Solidão: Institucionalização, Abandono e Adoção; Aspectos Psicológicos da Adoção, Laços de Ternura: Pesquisas e histórias de adoção, entre outros títulos. Coordena, ainda, o Laboratório do Comportamento Humano da UFPR e o Projeto Criança: Desenvolvimento, Educação e Cidadania.



Postado Por Cintia Liana

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Campanha Adoção - Laços de Amor - Santa Catarina







23/05/2011 | 09h08min

Campanha procura estimular adoção de crianças mais velhas ou com algum tipo de deficiência
Projeto é parceria entre Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil, Tribunal de Justiça e Assembleia Legislativa e segue até dezembro

A campanha Adoção: Laços de Amor será lançada nesta quarta-feira, na Assembleia Legislativa, em Florianópolis. A iniciativa foi criada para estimular a adoção de crianças mais velhas, com deficiências física e mental e irmãos, que apresentam uma baixa taxa de acolhimento.

O projeto é uma parceria entre Ministério Público de Santa Catarina, Ordem dos Advogados do Brasil, Tribunal de Justiça e Assembleia e segue até dezembro.

Serão meses de campanhas publicitárias divulgadas na mídia, que mostrarão histórias de famílias em que adoção tardia deu certo. Até dezembro, se pretende reduzir o número de 1.656 crianças que vivem nas casas de acolhimento. A maioria, 62%, tem mais de 10 anos de idade.

O Judiciário, diz o corregedor-geral de Justiça, desembargador Solon d'Eça Neves, está engajado na campanha e garante maior agilidade nos processos de adoção que, em geral, levam seis meses.

A campanha é importante para sensibilizar os 3.586 inscritos no Cadastro Único Informatizado de Adoção e Abrigo de Santa Catarina (Cuida), que ainda não encontraram seus filhos adotivos, pois 98% deles preferem bebês de até três anos.

Outra dificuldade é a morosidade nos processos de destituição das famílias biológicas, que perderam a guarda dos filhos por agressão ou negligência. Apenas 10% das crianças e adolescentes sob a guarda do Estado estão aptos para serem adotados.

DIÁRIO CATARINENSE



Postado Por Cintia Liana

terça-feira, 26 de julho de 2011

Crianças Chefes de Família

Geledes

03 de julho de 2011

Mais de 130 mil brasileiros com menos de 14 anos trabalham o dia inteiro para sustentar suas casas.

SACRIFÍCIO
Luciana e Moisés (com Peterson no colo): 11 horas de trabalho diárias e uma renda familiar de R$ 450
A maioria trabalha nas ruas – vende produtos de pequeno valor, separa material reciclável, é "flanelinha" ou engraxate.

As costas doem e os pés descalços latejam de frio. Mesmo assim, Luciana, 13 anos, e Moisés, 8, andam entre os carros de uma movimentada avenida na zona sul de São Paulo. Nas mãos enrijecidas pelo vento gelado, os irmãos carregam caixas com gomas de mascar, que vendem a R$ 0,10 cada. Por trás dos vidros fechados, a maioria dos motoristas ignora a presença das duas crianças, que migram para as calçadas do Largo 13, região popular do bairro de Santo Amaro. Ali oferecem sua mercadoria aos passantes que transitam entre lojas, bares e restaurantes, também sem sucesso.

O trabalho na rua, apesar de difícil e ilegal, pois é vetado para menores de 16 anos, é a única alternativa para Luciana e Moisés. Com o pai e a avó materna encarcerados e a mãe desempregada, a dupla é responsável pela renda da família, cerca de R$ 450 mensais. Sua lida diária é o retrato da dura realidade de 662 mil jovens entre 15 e 19 anos e de outras 132 mil crianças entre 10 e 14 anos que são arrimo de família, segundo dados preliminares do Censo 2010 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No ano em que se comemora a maioridade do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), criado em 1990, o brasileiro tem poucas conquistas para celebrar. "O trabalho infantil de exploração ou trabalho escravo tem diminuído com o crescimento das denúncias e a atuação da Organização Internacional do Trabalho (OIT)", diz o advogado Ariel de Castro Alves, vice-presidente da Comissão Nacional da Criança e do Adolescente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). "Porém, o trabalho infantil doméstico ou em situação de rua tem aumentado."

De acordo com pesquisa realizada em 2010 pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) e pelo Instituto do Desenvolvimento Sustentável (Idest), a maioria das crianças em situação de rua vive com os pais. Do total de 23.973 jovens entrevistados em 75 cidades brasileiras, 59,1% moram com a família e 65% exercem alguma atividade remunerada nas ruas – 4,1% atuam como engraxates, 16,6% separam material reciclável, 19,7% se definem como "flanelinhas" e 39,4% vendem produtos de pequeno valor, como Luciana e Moisés. Os dois começaram a trabalhar há quatro anos. Na época, a mãe deles, Patrícia, aconselhada por uma vizinha, levou os filhos para pedir esmolas e vender chicletes numa feira livre. Voltou para casa com R$ 40 no bolso. "No começo senti muita vergonha de pedir dinheiro, mas depois me acostumei", conta Luciana. "Só que, se vejo alguém conhecido na rua, saio correndo para me esconder", diz a menina, revelando quanto sua condição ainda a constrange.

Luciana e Moisés são moradores do Jardim Aracati, bairro no extremo sul de São Paulo. Falta tudo no barraco onde vivem com a mãe e o irmão, Paulo Peterson, de seis meses. Luz, esgoto, água encanada e até comida parecem luxos inacessíveis. Não há nenhum brinquedo na casa. A diversão é restrita a brincadeiras nas ruas do bairro ou na hora do trabalho, quando eles encontram outros colegas que também vendem doces na rua. Geralmente, Luciana, Moisés, Patrícia e Peterson ficam nas ruas das nove horas da manhã às oito da noite. Às vezes, alguém se sensibiliza e oferece uma refeição. "Nunca digo não, mesmo que já tenha comido antes, porque a comida que sobra a gente leva pra mãe e pro Peterson", conta Moisés, que não está estudando neste ano. Luciana está matriculada no ensino fundamental, mas pode perder a vaga, pois não comparece às aulas desde março. "Não tenho mais vontade de ir pra escola", diz. Na sétima série, a menina não sabe ler. No horário em que deveria estudar, cuida da casa, dá banho no irmão caçula, dança funk com as amigas e assiste tevê na casa de uma vizinha. A pior lembrança de sua vida remonta à morte do irmão mais velho, Paulo, há três anos. Voltando de mais um dia de trabalho nas ruas, o garoto, com 13 anos na época, morreu ao ser atropelado por um ônibus.

EXEMPLO
Wallace estuda, trabalha e sustenta a mãe doente e os irmãos com seu salário.

"A falta de integração entre as políticas públicas é um dos motivos que levam esses meninos a trabalhar nas ruas", diz Marcelo Caran, coordenador da Fundação Projeto Travessia, organização que atua com jovens em situação de risco. Para diminuir o contingente de menores de idade arrimos de família, Ariel Alves, da OAB, defende duas medidas. "Em primeiro lugar, planejamento familiar. E, em segundo, a criação de programas que orientem e apoiem famílias carentes, incentivando o desenvolvimento de cooperativas e a busca por um emprego formal", diz.

A trajetória do jovem Wallace Santos é uma prova disso. Aos 17 anos, ele enfrenta uma responsabilidade de gente grande. Às quatro horas da madrugada já está de pé. Da sua casa, um cômodo que divide com a mãe e quatro irmãos em Ferraz de Vasconcelos, município da região metropolitana da capital paulista, pega trem, metrô e ônibus para chegar até o colégio estadual onde cursa o primeiro ano do ensino médio. De lá corre para o Sindicato dos Bancários de São Paulo, onde é, desde 2009, um dos contratados através da Lei do Aprendiz, que oferece estágio para estudantes matriculados na escola e em cursos profissionalizantes. Com o salário mínimo de R$ 545 que recebe, o tímido rapaz, fã de quadrinhos japoneses, desempenha o papel de principal provedor da sua família.

A mãe, Rita Dias de Matos, é uma ex-doméstica diabética, cardíaca e com pressão alta, que se viu obrigada a largar o batente há sete anos por motivos de saúde. O irmão mais velho, Wesley, 19 anos, vive de bicos e os mais novos, Bianca, 13, Washington, 11, que tem problemas de aprendizado, e Daiane, 3, passam o dia em casa com a mãe. Mas a rotina da família já foi pior. Wallace viveu dos 2 aos 8 anos de idade em abrigos, apenas na companhia do irmão Wesley. Em 2002, voltou a morar com a mãe e os outros irmãos, mas, assim como os pequenos Luciana e Moisés, teve de vender balas e fazer malabares nas ruas para sobreviver. Nas vezes em que a fome apertava, chegou a furtar alimentos. "Hoje me sinto bem por ter um emprego e ajudar minha mãe", diz.

Apesar de comovente e exemplar, seria melhor que a história de Wallace não fosse necessária. O ingresso precoce no mercado de trabalho pode impedir uma carreira ascendente no futuro. "O jovem que hoje trabalha para sustentar sua família muitas vezes não terá emprego amanhã, pois não pôde se qualificar devidamente", diz o advogado Alves. "Uma formação com apenas o ensino médio ou um curso técnico estará aquém das exigências do mercado." A solução para erradicar o trabalho infantil e amenizar a carga de responsabilidade dos adolescentes que têm de sustentar suas famílias permanece longe de ser encontrada. Até lá, Luciana, Moisés e Wallace continuarão levando suas lutas diárias em busca de uma vida mais digna, mas sem planos claros para o porvir. Nenhum deles sabe o que "quer ser quando crescer". Eles não têm desejos de consumo nem planos para o futuro próximo. As preocupações de chefes de família ofuscam os sonhos dessas crianças.

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Mandy Lynne

Ajudando a divulgar:
"Laços de Ternura", Grupo de Apoio de Santo André-SP, fará 10 anos e realizará um evento aberto.
Para participar só é necessário confirmar a presença através do telefone 11.4436.7477.
Será no dia 27 de Agosto de 2011, das 13:00h às 17:30h.
Local: Faculdade Anhanguera - Santo André-SP. Rua Alberto Benedetti.
Aproveitem para se engajar e fazer boas amizades.


Postado Por Cintia Liana

domingo, 24 de julho de 2011

Quem contribui para que as crianças envelheçam nos abrigos?

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Tudo começou com a Roda dos Expostos.
Mudou de nome para Orfanato.
Mudou de nome para Abrigo.
Mudou de nome para Acolhimento Institucional.
É usado como Pronto Socorro Social.
E sendo conhecido pela sociedade como casa dos excluidos da familia, da sociedade, e do Estado.
O ECA já com 21 anos diz: Local Provisório, exepcional e transitório.
No Art. 19 do ECA limita a dois anos o acolhimento e a midia não divulga o que vem depois da virgula.
O adolescente infrator tem 45 dias para ser ouvido e a criança do acolhimento institucional fica anos sem ser ouvido.
Os motivos do acolhimento geralmente são em função de má conduta dos pais e são previstos no codigo Penal como crime, mas nada acontece.
Crianças são adotadas com tres anos e devolvidas após 13 anos como se fosse um objeto que perdeu a validade.
Pedófilos que deveriam responder como crime recebem o direito de visitar seus filhos após constrangê-los dentro de casa.
Avós exclui dois de três netos permitindo que vá para adoção e previlegiando um para depois abandoná-los e nada acontece.
Crianças chegam com dias e envelhecem nos abrigos e somente são disponibilizados para fila de adoção quando aparece casais que provocam o judiciário com pedido de guarda.
As políticas públicas que deveriam atuar na familia biológica logo que a medida de proteção é usada , muitas vezes somente acontece após anos.
Se fosse imposto a todas as familias a mesma regra dos adolescentes infratores, ou seja ouvidos dentro de 45 dias não necessitaria esperar dois anos para posteriormente fazer o que dizem ser audiência concentrada.
Quem nada fez em dois anos é dado mais três meses.
Nada acontecendo após dois anos e três meses, consulta-se o cadastro.
Se a idade da criança for superior a seis anos a possibilidade é pouca de encontrar um casal, somado a falta de vontade de algumas técnicas do judiciário consultar o cadastro nacional fica para o abrigo a tentativa de encontrar uma familia substituta para ser avaliada pelo setor técnico da Vara.
Aprovada a família, esta fica com a guarda provisória se renovando de seis em seis meses e se estendendo a quatro, cinco anos sem uma definição jurídica. Nesta contabilidade devemos somar os dois anos de acolhimento.
O ECA diz que Provisório e no entanto determina que os relatórios da entidade devem ser de seis em seis meses.
O relatório da entidade alimenta o processo e o ideal é ser no máximo a cada dois meses. A posição técnica do abrigo não tem peso nenhum no processo pois é meramente informativo.
Nas audiências com as crianças e adolescentes o foco principal deveria ser ouvir a opinião da criança a respeito da familia , no entanto o foco é como acontece o dia a dia no abrigo.
Se o abrigo se posiciona contrário a linha de trabalho das técnicas do judiciário o resultado é a transferência da criança ou adolescente para outra unidade de atendimento.
"Não visitem abrigos", "Adolescente tem que ficar no abrigo até os 18 anos". Esta é a fala de algumas técnicas que pararam no código de menores. "Aqui não tem criança para adoção". Esta é a fala de alguns abrigos ao receber uma visita de alguém que queira conhecer o abrigo. "Medo". Este é o principal motivo de algumas entidades tem em receber visitas de pessoas que queiram fazer algum trabalho educativo dentro das Casas Lares.
Os atendimentos do setor técnico na maioria das vezes sempre acontece em clima hostilidade: "você é muito velho"; "você quer substituir o filho que perdeu"; "porque você quer um negro se é branca"; "você não sabe o que é anemia falsiforme"; "os irmãos estão sendo separados e não devem se verem, se faz necessário quebrar este vinculo"; "porque voce quer adotar tres de uma vez?".
A correicional chega a ser uma piada, momento ímpar onde a entidade poderia conversar com o magistrado sobre todos os casos sem que a MM estivesse em seu pedestal de superioridade. Tempo da visita correicional 5 minutos.
O PIA poderia ser um instrumento de monitoramento do processo e direcionada ao Tribunal de Justiça, mas fica na Comarca.
Os advogados que representam a família nos processos a maioria deles despreparados na área da infância e se limitam a pedir o direito de visita familiar.

Quem mais contribui para o envelhecimentos de crianças e adolescente nos abrigos?
Quem não faz parte da solução faz parte do problema.

(Autor desconhecido)


Postado Por Cintia Liana

sábado, 23 de julho de 2011

Mães entregam 2 bebês por semana à adoção em SP

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Levantamento inédito da Coordenadoria da Infância e da Juventude do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) indica que 102 mães entregaram de forma voluntária o filho recém-nascido à Justiça paulista para adoção nos últimos 12 meses, média de 1 a cada 3,5 dias. Como apenas 17% das varas judiciais do Estado responderam ao questionário do órgão, a própria coordenadoria já trabalha com possibilidade de um número maior.

O recorte do estudo incluiu apenas casos em que a mãe tem o cuidado de buscar um acolhimento institucional para o recém-nascido, atitude que está prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e não constitui crime. Casos de bebês abandonados estão propositalmente fora do trabalho, porque são passíveis de punição por colocarem a criança em risco - não há estatística oficial sobre eles no Estado.

Para Eduardo Rezende Melo, juiz que coordenou o levantamento do TJ, vulnerabilidade, isolamento social e falta de informação são algumas das situações que colaboram para o abandono de recém-nascidos. E é justamente esse abandono que a Coordenadoria da Infância e da Juventude do TJ-SP pretende evitar com o trabalho, que servirá de base a uma campanha - o mote será que as mulheres devem ter respeitado seu direito de encaminhar o filho à adoção.

Por lei, se a mãe manifestar em algum momento do pré-natal ou na maternidade o desejo de entregar o bebê e não criá-lo, o agente de saúde é obrigado a levar a posição da mulher ao conhecimento do juiz. No estudo do tribunal são citados como causas para entrega voluntária de bebês o desemprego, a pobreza, a falta de apoio familiar ou do pai e dificuldades habitacionais. "Temos de trabalhar a causa. Não adianta culpar essa mulher", afirma Rezende Melo.

A ideia é ajudar na formação de uma política pública para evitar o abandono em locais e vias públicas. Um dos focos da campanha do Judiciário será um trabalho de capacitação dos servidores públicos das áreas da saúde, assistência social e das varas da infância no sentido de que não seja feito juízo de valor da mulher que manifestar tal posição. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.



Postado Por Cintia Liana

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O estress na espera pela conclusão da adoção

Cacau Waller

Por Cintia Liana Reis de Silva

4) Como ficam pais e crianças nesse período que antecede a conclusão da adoção?
(Internacional)
Eles se conhecem e iniciam o período de convivência o mais rápido possível, a criança já tem que vir sendo preparada antes para este encontro e convivência, para a viagem. Esse tipo de adoção normalmente tem muito sucesso, sobretudo porque o desejo vem sendo amadurecido pelas dificuldades enfrentadas e é melhor quando o casal alimenta o menor número de expectativas e exigência em relação a criança. A criança se sente acolhida e aceita e se entrega a relação com muito mais segurança e facilidade.

(Nacional)
Isso traz muita ansiedade para os adotantes, porque o vínculo se estabelece, já se tem um amor clássico de família, mas existem riscos de se perder o filho que está sendo conquistado. Os adotantes amam, se sentem pais, mas não têm o poder da situação, é bem difícil e estressante, é como um medo de perder um fiho que acabou de nascer, porque a realidade é que a família nasceu e existe, mas juridicamente não é respeitada.

Já acompanhei casos onde os novos pais passavam por muito sofrimento, medo e alguns se sentiam injustiçados com pânico em perder o filho. Se sentiam desamparados pela lei, até porque viam que a criança também já estava adaptada e iria sofrer com outro corte de vínculos. Eles sofrem por eles e pela criança.

Recebi e-mails de um casal que sofrendo narrou a situação e pediu conselhos. Através do meu blog http://psicologiaeadocao.blogspot.com/ recebo dezenas de e-mails pedindo ajuda. Contou que estavam vistando um criança, completamente apegados e que o abrigo quis beneficiar um outro casal e assim interferiu no processo de visitação. O outro casal passou a visitar também a criança.

O primeiro casal diz que não entende tamanha interferência e manipulação numa relação que já existe, está sofrendo e sente-se de mãos atadas, sofrendo uma grande injustiça, até pelo fato da criança estar sofrendo muito, sendo privada das visitas de quem ela já chama de pai e mãe.

Quem passa na frente dos outros sem respeitar o sentimento de uma criança não está pronto para ser pai e mãe, não está pronto para educar.

5) Há alguma ação que possa ser tomada para acelerar esse processo e diminuir o sofrimento das famílias?

Adaptar as leis à realidade, beneficiar de fato os direitos plenos das crianças, destituí-las e investir em campanhas de fortalecimento da cultura da adoção. Dar garantias aos adotantes e a criança de que o vínculo que está sendo construído não é em vão, que eles podem acreditar nesta nova relação, nesta nova família.


Por Cintia Liana

terça-feira, 19 de julho de 2011

Diferenças na adoção nacional e internacional sobre a espera e perfil da criança

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As adoções internacionais são bem diferentes das nacionais em todos os pontos do processo, em como se faz, até em relação ao perfil da criança disponibilizada.

A internacional deve haver a aceitação dos órgãos de Estado e da entidade que acompanha toda a adoção entre Itália e Brasil, assim como a aprovação do Estado do País do origem da criança e da CEJA (Comissão Estadual Judiciária de Adoção).
A nacional, requer somente a aprovação do Estado, responsável pela criança.

As adoções internacionais e nacionais são vistas de modos diferentes e encaram os preconceitos referentes a cada uma delas.

O perfil de crianças disponibilizadas para adoção internacional é diferente da nacional. Somente são indicadas para adoção internacional crianças que não têm mais chance alguma de inserção em família substituta brasileira, incluindo a de origem, como a família extensa. São crianças que já esgotaram todas as possibilidades de aceitação, normalmente maiores de 9 anos, grupos de irmãos e/ou com algum problema físico ou mental, ou seja, fora do perfil que o brasileiro geralmente deseja para ser seu filho hoje.

As entidades de adoção internacionais encaminham os processos já autorizados e traduzidos a CEJA quando esta entidade têm uma família interessada na adoção de uma criança disponibilizada dentro do perfil de busca do casal. O processo é analisado pelos técnicos da CEJA, antes de decidirem se a criança de fato vai para o casal interessado.

A destituição é feita e se inicia o processo, até aí os casais esperaram muito tempo, com muita ansiedade. Depois o casal vai ao País de origem da criança para as outras etapas já descritas.
O processo de habilitação para adoção internacional e a espera pelo filho são maiores, mas o período de convivência é menor, são mais ou menos 45 dias que o casal deve passar em País estrangeiro para a adaptação com o filho, para receber a sentença judicial e para a emissão dos novos documentos, incluindo o passaporte da criança. O tempo é menor porque o casal viaja para conhecer a criança só depois que esta foi destituída do poder familiar, então a espera maior é antes do primeiro contato com a criança.
Os casais italianos esperam ansiosamente sem ainda nem ter conhecido os filhos, sem nem mesmo conhecer o rosto pelo qual já se preocupa com o bem estar e pelo qual já desenvolve amor.

Ocorre que quando eles pedem aquela adoção, a criança é destituída, só depois eles partem para encontrá-la. Nas nacionais muitas vezes as crianças são destituídas durante o estágio de convivência com a nova família.

A entidade em que trabalho por exemplo é autorizada para atuar em todo o Brasil e Colômbia, e deve também ser cadastrada em cada CEJA de cada Estado e cada uma trabalha de forma um pouco diferente, o que dificulta de certa forma a atuação das entidades, até a forma de informar as crianças disponíveis a adoção é diferente em cada CEJA.
Há muito ainda o que melhorar, as pessoas precisam se informar, trocar conhecimentos, ter o interesse em ajudar, padronizar metodologias, as leis precisam ser coerentes, precisamos ter segurança sem tanta burocracia e sobretudo humildade para ter uma relação saudável com todos.

Por Cintia Liana

domingo, 17 de julho de 2011

A espera pela conclusão da adoção

Beneath this Burning Shoreline

Por Cintia Liana Reis de Silva

1) Em média, quanto tempo leva para ser concluído um processo de adoção?

Não existe um tempo determinado entre o início da habilitação de quem deseja adotar e a conclusão do seu processo de adoção, o tempo irá depender de muitas variáveis, duas delas são a idade da criança e se ela está destituída ou não do poder familiar. O tempo para quase todos os tramites dentro de processo quem determina é o juiz, outros detalhes são prazos de publicação e espera de pareceres e relatórios tecnicos, assim como o encontro do perfil da criança esperada.

2) O que acontece no período que se leva para finalizar a documentação da criança com os novos pais?

Acontece o período de convivência, onde a relação entre os pais e a criança vai se fortalecer e ganhar forma. A equipe multiprofissional do juizado vai avaliar este vínculo e emitir seus pareceres ao Juiz, e é este quem irá decidir quando o período de convivência chegará ao fim, dando a senteça.

É necessário no mínimo uma visita domiciliar feita de preferência por uma assistente social (já tive informações que tem varas que utilizam um oficial de justiça para fazer este trabalho que deve ser feito pelo profissional de serviço social), uma entrevista social com assistente social e uma entrevista com psicólogo.

Acontece que, com a nova lei de adoção, que diz que “uma criança não pode ficar mais que dois anos sem que seu processo judicial esteja definido”, fez com que algumas crianças fossem colocadas em famílias substitutas as pressas e o período seguinte, o estágio de convivência ficou “negligenciado” por algumas varas. Se coloca a criança em um lar e só depois de muito tempo é que se dá a sentença final.

Dois problemas em torno disto, um é que não se destitui o poder familiar, para que assim a criança não fique sob o poder do Estado e perca o vínculo legal com os pais de origem, sem mais poder voltar para eles no futuro, caso não sejam adotadas.
Outro é que não se perde o vínculo legal com os pais e então não podem ser adotadas, nem são indicadas para adoção, assim o CNA não é usado e não funciona.
Outro problema é que, mesmo assim, algumas crianças são indicadas e quando elas vão para o período de convivência é que se faz o processo de destituição do poder familiar em paralelo.

Depois que se inicia o período de adaptação em nova família o proceso de destituição leva algum tempo, se respeita prazos de pubblicação, requer pareceres, pede-se relatórios tecnicos sociais e psicológicos e o juiz determina os outros prazos.

O risco é que, algumas vezes, pais de origem, omissos, viciados e doentes se colocam contra a adoção e começa uma maratona para investigar condições de acolher, possibilidades de reabilitação familiar e audiências para ouvir estes genitores, até se destituir mesmo sem o consentimento deles, se isso for o melhor para a criança. Uma parte desses pais muitas vezes nunca quiseram os filhos em casa, mas não deixam eles irem para adoção.

Enquanto isso os novos pais esperam ansiosos para a conclusão do processo de adoção. Situação que também gera insegurança para as crianças que tudo sentem.

Por Cintia Liana

sábado, 16 de julho de 2011

Aparecida Petrowky atua em peça sobre adoção e fala como foi adotada na vida real

Aparecida Petrowky

Talentosa, a atriz acaba de entrar para o elenco da peça paulistana “Meu filho sem Nome”, com texto de Izilda Fontainha Simões e adaptação de Marcelo Romagnoli. Entre os ensaios, conversou com exclusividade ao Yahoo! e falou sobre carreira, fama e boatos de que seu romance é fake. “Esse não é meu perfil. Seria muita baixaria”, garantiu.

YAHOO!: Você está na peça “Meu filho sem Nome”, em São Paulo, que fala sobre adoção. Por ser adotiva na vida real, como é reviver essa experiência no teatro?
Minha personagem é uma jovem que se casa, quer construir uma família e não pode ter filhos. Ela encontra com a outra protagonista, que abandona o filho. Fazendo esta peça, que também é baseada em uma história real, acabo trazendo alguns sentimentos. Não sobre minha experiência, mas sobre a minha mãe adotiva, a Vera, que morreu. Lembro de algumas coisas pelas quais ela passou, como a sombra de a mãe biológica querer tomar o filho de volta...

YAHOO!: Na infância, como você encarava o fato de ter duas mães?
Minha vida foi muito feliz, não tive problema algum. A mãe que me criou falava: “você é uma menina especial, tem duas mães”. Contaram quando eu tinha cinco anos. Na verdade, minha mãe biológica não me abandonou. Ela me deu para minha tia... (Pensativa) É uma confusão tão grande que daria um livro (risos). Ficava uma semana com uma e, nos fins de semana com a outra. Cresci assim, dividida. Mas com o carinho em dobro, das duas.

YAHOO!: Em que você acha que esta criação contribuiu para a Aparecida que conhecemos hoje?
Acho que a determinação e responsabilidade com a minha vida. A Vera tinha uma situação financeira muito boa e a outra família era mais simples. Extremos demais! Ela me dava mesada, passeios, dinheiro no aniversário e depois falava “lembre-se que sua família não tem nada”. Aí eu comprava presente para meus irmãos, fazia compras para casa. Aos 15 anos, eu queria ir para a Disney, mas ela dizia “lembre-se...” (risos). Sempre tive responsabilidade, essa foi a maior herança que ela me deixou.

YAHOO!: Além desse episódio, lembro que você foi ao programa“Altas Horas” e chorou por estar no programa. Acha que está acostumada com a fama e exposição?
Confesso que é muito difícil e não estou 100% acostumada. Ainda estou me adaptando a tudo isso, sabendo como lidar. Mas deixo claro que não vou mudar meus princípios e sempre manterei a minha ética. Muita gente fala que eu só fiz uma novela, mas sou formada em fisioterapia, artes cênicas, estudo filosofia, sou escritora, tenho experiência fora do Brasil. Apesar de muitas vezes não ser fácil lidar com a fama, procuro não ficar preocupada com os comentários.

YAHOO!: Até que ponto a vida pessoal deve influenciar em sua carreira?
O Felipe tem a carreira dele, tem fã-clube, é conhecido há muito mais tempo que eu. Não gosto de misturar trabalho com vida pessoal. Mas a gente está junto e não vamos deixar de sair, mesmo que cada vez que colocamos o pé fora de casa isso vire assunto. Eu não tenho como controlar. Aquilo que posso fazer é manter a minha vida normal e investir no meu trabalho. E é claro que não é tão simples.


Postado Por Cintia Liana

quinta-feira, 14 de julho de 2011

A oração de um filho adotivo

Cacau Waller

Senhor, hoje posso assim chamar-te porque aprendi a pronunciar este teu nome santo e maravilhoso com a mulher que hoje chamo e sempre chamarei de Mãe.
Alguém um dia, abandonou-me em um hospital quando tinha apenas 3 meses de vida.
Não sei porque fizeram isso comigo!
A semelhança de todas as outras crianças que no mundo sofrem, sofri muito em consequência apenas dos erros dos adultos.
Paguei muito caro por males que não cometi!
Porém não tenho nenhum rancor de quem me abandonou.
Depois de tratado em um hospital, levaram-me para um orfanato onde só conheci tios e tias, pois foi assim que me ensinaram a chamar todos os que me cercavam.
Queria balbuciar a palavra mãe.
Mas, quem me ouviria? Ninguém!
Nas noites frias e geladas, quantas vezes estas palavras, ficaram entaladas em minha própria garganta. Se, em desespero, algumas vezes, depois de muito chorar, consegui com voz rouca e longínqua, pronunciá-las, perdiam-se elas na escuridão das noites solitárias e intermináveis.
Mas Tu, Senhor, que habitas no esconderijo do Altíssimo e moras nas fimbrias do infinito, me ouviste, enquanto os que estavam bem ao meu lado não me escutavam!
E Tu mandaste, quando tinha 3 anos, uma mulher que como anjo descido das tuas moradas, tomou-me para si e me amou, apesar do meu aspecto franzino e doentio e apesar dos meus modos, um pouco inadequados pois havia até então, crescido entre outras crianças que, como eu, também só conheciam tios e tias.
Que encanto, Senhor, foi poder chamar, pela primeira vez, alguém de mãe.
Esta palavra mágica agora me conduzia aos paramos da felicidade.
Com ela eu voava, até os castelos e idílios mais remotos dos sonhos, que uma criança podia sonhar.
Agora me parecia que todos os tios e tias do mundo sumiram e que, em toda parte, Tu [Deus] só fazias nascer mães.
Agora o sorriso de todas as faces, pareciam raios de sol fugentes e o gesto de todas as mãos pareciam salvas pejadas de amor.
Eu tinha renascido! Eu tinha revivido!
Agora, Senhor, só peço uma coisa: me dê forças para viver em permanente gratidão a Ti. (De Geração em Geração)

Autor desconhecido
Extraído ao boletim nº 185 de 08.05.2011 da IPI da Lapa



Postado Por Cintia Liana

terça-feira, 12 de julho de 2011

A auto estima do seu filho

Cacau Waller

Por Milagros Pérez Oliva

Conseguir que os filhos tenham auto-estima elevada é um dos objetivos que se colocam muitos pais, mas nem sempre os métodos que utilizam para tanto são os mais adequados. Às vezes, querendo cultivar a auto-estima, o que fazem é fomentar a egolatria. A linha que separa a auto-estima da egolatria se origina nas primeiras relações que a criança tem com seu entorno.

Todos os pais querem que seus filhos sejam felizes e estão dispostos a fazer o possível para consegui-lo, mas muitas vezes tentam pelo caminho errado. Conscientes de que a base da felicidade está em uma boa auto-estima, muitos pais se preocupam em seguir estratégias que permitam cultivar a auto-estima dos filhos, mas às vezes erram o caminho e, em vez de uma criança feliz e equilibrada, acabam cultivando um ególatra, um pequeno tirano. Saber encontrar a linha divisória entre auto-estima e egolatria é um dos nós da psicologia evolutiva.

Dorothy Corkille, em "El niño feliz" (ed. Gedisa) , obra que já tem 31 edições, estabelece uma primeira diferença: "Auto-estima é o que cada pessoa sente por si mesma. Seu julgamento geral sobre si mesma, na medida em que sua própria pessoa lhe agrada. Auto-estima elevada não consiste em uma presunção ruidosa. É, sobretudo, um respeito silencioso por si mesmo, a sensação do próprio valor. Quando alguém a sente no fundo de seu ser, alegra-se por ser quem é. A presunção, em troca, não passa de uma capa delgada que cobre a falta de auto-estima. Aquele cuja auto-estima é elevada não perde tempo em impressionar os demais: sabe que tem valor".

Esse é o ponto de chegada, mas qual é o caminho? O caminho começa no próprio momento em que a criança abre os olhos e começa a ver o mundo. A psicanalista Isabel Menéndez afirma: "Entende-se por auto-estima que a criança tenha uma percepção de si mesma como alguém valioso e querido, especialmente pelos pais. Ela é construída quando os adultos acompanham a criança no crescimento, impondo-lhe limites, quer dizer, educando-a e formando sua personalidade. E fazendo-o com respeito, que consiste em não forçar a criança, mas sim motivá-la para que aja de determinada maneira".

"Auto-estima é a capacidade de estar bem consigo mesmo e com o entorno, em um sentido profundo, íntimo", acrescenta Lurdes Cestero, psicóloga clínica. "Às vezes se confunde auto-estima com egolatria. A egolatria é uma estima inflada, baseada em ouvir 'você é maravilhoso', 'você nunca tem culpa de nada'. Na realidade, o que a criança percebe é que seus pais negam suas verdadeiras necessidades, que no fundo a ignoram, com o que estão lhe dizendo que não tem valor."

As crianças nascem sem nenhum sentido do eu. Vão construindo-o conforme vivem, mas como constroem a idéia de si mesmas? Corkille utiliza uma metáfora muito bonita para explicar isso, a teoria dos espelhos: as crianças constroem sua identidade a partir das imagens de si mesmas que observam projetadas nos outros. O primeiro espelho no qual se olham é o olhar da mãe, o rosto do pai, as emoções que sua mera existência provoca neles. Os pais são um espelho psicológico no qual os filhos se vêem; vão se construindo por dentro em função do que observam de si mesmos no espelho que são os pais e as pessoas próximas.

Se percebem que são valiosos para seus pais, se sentirão valiosos. Mas o espelho é feito de um vidro emocional muito delicado. Não é feito só de palavras; por isso não basta dizer cem vezes à criança "eu a amo" se o espelho do olhar, da expressão, o discurso não-falado, o que nunca engana, diz outra coisa. "Para sentir-se completamente bem por dentro, as crianças precisam de experiências vitais que provem que elas são valiosas e dignas de serem amadas", diz Corkille.

"Os pais são o modelo para tudo, tanto pelo que dizem como pelo que não dizem, e principalmente pelo que fazem", acrescenta Cestero. Ela observou em seu consultório que o amor e a atenção geram um círculo virtuoso, às vezes em ambas as direções: "Em geral, se a auto-estima dos pais está bem, a da criança também costuma estar", explica. "Para alguns pais, o fato de ter um filho é um motivo para fazer uma grande mudança interior. O amor pela criança os ajuda a modificar coisas que não gostam em si mesmos. E se a mudança funciona e é gratificante, se consolida."

Mas a auto-estima pode se ressentir se a imagem que a criança percebe no espelho das pessoas das quais depende for distorcida ou negativa. "Às vezes a origem do problema é que os pais transferem para os filhos suas próprias insatisfações", explica Menéndez, e alguns, mais que amor, lhes dão consentimento. Os pais que, querendo dar amor, consentem tudo, não estão cultivando a auto-estima dos filhos, mas sua egolatria. "Uma criança ególatra é aquela que foi colocada num pedestal", continua.

"São crianças às quais não se impuseram limites e que acabam sendo tiranas. Pode haver tiranos porque os adultos dão demasiado ou porque dão muito pouco. Também há falta de auto-estima por excesso de proteção. A superproteção não protege realmente a criança. A mãe superprotetora é mais dependente do filho, este percebe isso e pede cada vez mais. Acredita que a mãe é todo-poderosa e pensa que todo mundo é assim e que está à sua disposição. Um ególatra é uma criança que não foi frustrada adequadamente no momento em que era preciso fazê-lo, e no fundo também pode haver um grande sentimento de abandono, porque deixá-la fazer o que quer é na realidade abandoná-la."

Muitos pais não sabem ou não levam em conta que impor limites a seus filhos é amá-los. "Muitas vezes, quando os pais não colocam limites, na realidade estão depositando seu próprio narcisismo no filho", afirma Menéndez. "São pessoas que se sentem frustradas por não poder fazer o que querem e compensam essa sensação deixando que seu filho faça o que quiser."

Cestero insiste na importância do princípio de aceitação e acompanhamento."Para que a criança se sinta valorizada, é muito importante diferenciar entre o comportamento da criança e a própria criança." Uma coisa é o que ela faz, algo que pode ser modificado, e outra o que ela é. Quando é corrigida, é preciso incidir sobre o que ela faz, sem questionar o que é. Ela é sempre amada pelo que é, mas é corrigida pelo que faz. É uma distinção sutil, mas de grande alcance. "É preciso dizer: 'isso que você fez não está certo', mas mantendo a conexão amorosa."

Essa distinção entre o ser e o fazer deve se refletir tanto na atitude quanto na linguagem. Não é a mesma coisa repreender uma criança que quebrou uma coisa dizendo-lhe que não deve pegá-la assim porque quebra, ou lhe dizer que é uma desastrada. Que uma coisa se quebre é um acidente, que alguém seja desastrado é um atributo que o define.

Menéndez descreve alguns dos sinais que podem alertar sobre a baixa auto-estima. Por exemplo, fazer constantemente coisas transgressivas só para chamar a atenção; ou a necessidade excessiva de destaque e de liderança também pode esconder uma criança narcisista com baixa auto-estima. "Como não se sente bem por dentro, tem necessidade de buscar constantemente a aprovação externa", explica. Isso também pode se expressar, no caso de crianças muito tímidas, na dificuldade para expressar seus sentimentos, em uma tendência a fechar-se.

O resumo seria que a auto-estima se constrói quando os pais apóiam seu filho com todas as suas conseqüências, seja como for, com as limitações que tenha, mesmo que não se adapte ao que eles esperavam. A criança deve perceber um amor incondicional, mas para que o perceba o amor deve ser efetivamente incondicional. Stanley Coopersmith, uma das referências em psicologia infantil, demonstrou com seus estudos que a auto-estima não tem a ver com a posição econômica da família, nem com a educação, nem com o lugar onde se nasce ou se vive. Não tem a ver com o nível educacional dos pais nem com o fato de a mãe trabalhar ou não. "Depende simplesmente da qualidade das relações que existem entre a criança e as pessoas que desempenham papéis importantes em sua vida", escreveu.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

Aproveito para lembrar que os pontos levantados no texto sobre sentir segurança no que é e em sua importância também servem para a condição de adotado. Se os pais estão bem com esta realidade e expressam esta sensação, é muito mais fácil do filho também se sentir assim.

 
Postado Por Cintia Liana

segunda-feira, 11 de julho de 2011

O "Psicologia e Adoção" no Facebook

Cintia Liana Photografy

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Por Cintia Liana

domingo, 10 de julho de 2011

Adoção e Cárcere

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Jaula em que menino dormiria media 90 cm x 55 cm x 76 cm
04.07.2011

Uma americana está sendo acusada de trancar o filho adotivo em uma jaula de cachorro à noite porque ele sujava a cama.

Kathlyn Anthony, de Old Saybrook, em Connecticut, disse à polícia que o menino “urinava e defecava no colchão a ponto de ele não poder mais ser usado” e que ela acreditava que ele “fazia isso de propósito”.
Anthony, de 54 anos, disse ainda ter procurado ajuda para lidar com o comportamento do filho diversas vezes, sem sucesso.

Segundo as alegações, ela teria passado a colocar o menino para dormir em uma jaula para cachorros medindo 90 cm x 55 cm x 76 cm no porão da casa da família por períodos de até duas semanas.

‘Armário de dormir’
Nos documentos apresentados no tribunal, Anthony chama a jaula de “cubículo” ou “armário de dormir” e afirma ter tornado o local “divertido” colocando bichinhos de pelúcia dentro dele.

Kathlyn Anthony adotou o menino quando ele tinha 3 anos de idade

Ela também teria dito a policiais que deixava a porta fechada, mas não trancada, uma versão que teria sido contestada por uma irmã do menino, que disse que ele “não conseguia sair quando dormia na jaula, porque a porta estava fechada e trancada”.

Segundo o jornal The Day, a situação foi descoberta depois que a irmã do menino disse na escola que estava cansada porque ficou levantando durante a noite para tirar o irmão de seu “armário de dormir”.

Documentos oficiais indicam que nas duas semanas desde que ele foi retirado de casa, o menino teria feito xixi na cama duas vezes e estaria tendo uma ótima semana, de acordo com informações do canal de TV WTNH.

A polícia de Old Saybrook não divulgou a idade nem o nome da escola que o garoto frequenta para proteger sua identidade.


Postado Por Cintia Liana

sábado, 9 de julho de 2011

Estatuto da criança chega aos 21 anos sem mobilização

Mandy Lynne

07 de Julho de 2011

A maioridade do Estatuto da Criança e do Adolescente, que completa 21 anos na próxima quarta-feira, 13, deve ser comemorada pelos avanços que representou, mas ainda há muita a ser concretizado. "O ECA foi um divisor de águas no sistema jurídico, antes existia o Código de Menores, que tratava a criança como um objeto", relata o juiz da Primeira Vara da Infância, José Dantas de Paiva, lembrando, no entanto, que muitas das ações ainda executadas remetem ao antigo código.

Divulgação
Com o Estatuto da Criança e do Adolescente - que completa 21 anos - garante direitos aos jovens brasileiros
De linhagem humanista, José Paiva atua e acompanha a implementação do ECA há décadas, e lamenta o fato da desmobilização que está ocorrendo no chamado Sistema de Garantia de Direitos. "Há uma inércia que vem desde o Conselho Nacional dos Direitos da Criança - Conanda até os conselhos estaduais e municipais que tratam das questões relativas a este universo", crítica, lembrando que recentemente lançou uma portaria tratando do acolhimento institucional de crianças, na qual ressalta a ausência de uma Política Estadual e Municipal de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e de Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária, que devem ser elaboradas pelos Conselhos de Direitos estadual e municipais.

"Em outros momentos, havia uma mobilização maior", opina, acrescentando que muitos dos atores que participavam deste movimento junto a organizações não governamentais, hoje constam nos quadros do governo, a começar por Brasília. Com isso, o movimento foi perdendo força. "O ECA é uma lei quase perfeita, tivemos vários avanços, mas precisamos redimensionar o trabalho das ong´s e das organizações governamentais que trabalham nesta área", enfatizou.

Como pontos positivos, o Juiz lembra que hoje o adolescente que cometeu ato infracional pode acompanhar todas as etapas do seu processo, o que antes não ocorria. "Hoje eles conhecem mais os seus direitos", afirma, citando como exemplo a criação dos conselhos de direitos e tutelares, de delegacias e promotorias especializadas e tantos outros organismos de controle social, promoção e defesa dos direitos humanos das crianças e adolescentes. Ele cita a questão da adoção de crianças como simbólica. "Com o cadastro nacional, tornou-se muito mais fácil às crianças serem adotadas", disse.

A implementação do Sistema Nacional de Atendimento Sócio-Educativo e do Plano Nacional de Convivência Comunitária, entre outros, possibilitou novos olhares e metodologias para o trabalho de abrigamento. No entanto, enquanto a legislação avançou, a "retaguarda", como é denominada as organizações que executam as ações de atendimento, parece ter parado no tempo. "É preciso dar uma carga de animo nestas instituições, para que o trabalho avance", defende.

"Quem mais desrespeita são as autoridades"
Um dos resultados positivos obtidos a partir da implementação do ECA foi a implantação da Frente Parlamentar em Defesa da Criança e do Adolescente, fórum qualificado que existe desde 2006, com a participação de mais de 120 entidades não-governamentais e governamentais, que abre espaço para discussão de temas significativos na área da infância, buscando estimular a definição de políticas publicas eficazes e eficientes, que estejam em sintonia com o desejo da sociedade. Em 2011 a Frente passou a ser coordenada pela vereadora Júlia Arruda.

A partir de reuniões com diversos representantes de segmentos que atuam na proteção e defesa da criança e do adolescente, além do controle social das políticas públicas, a Frente elaborou um plano de ação para os próximos dois anos, com uma agenda permanente de debates e maior interatividade com as comunidades, através de reuniões itinerantes.

Júlia observa que está traçando objetivos com coerência, respeitando o que foi feito, programado e está em andamento. "Entendemos que boa vontade, boas ideias e garra são importantes, mas não são suficientes. Por isso, acreditamos que é preciso consenso, diálogo, decisão em conjunto, participação", observa.

"Por acompanhar de perto tudo o que vem sendo feito, especialmente nos últimos dois anos, entendemos que muito avançamos, mas muito mais temos a contribuir para que tenhamos políticas públicas direcionadas, claras e práticas. Hoje quem mais desrespeita o ECA são as autoridades e estamos cobrando dos nossos gestores a devida atuação que nossas crianças precisam. Se de fato o ECA fosse cumprido, muitas falhas não estariam persistindo. É momento de comemorar, mas também de avaliar os erros", diz a vereadora.

Defesas
A Frente defende o direito à convivência familiar e comunitária, com o intuito de prevenir o abandono e não permitir que meninas e meninos fiquem esquecidos em abrigos. Também realiza forte trabalho contra a exploração sexual e pedofilia, com a aprovação de uma lei que estabelece a campanha permanente em transportes públicos sobre a temática, com a divulgação do disque denúncia (100).

A vereadora atua também no planejamento para uso dos recursos na educação e solicitou, por exemplo, que a Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social (Semtas) desenvolva um Plano de Ação para regular o uso dos recursos do Fundo Municipal de Assistência Social no programa Creche Manutenção.

Atendimento socioeducativo é grande desafio
De acordo com o Levantamento Nacional do Atendimento Socioeducativo ao Adolescente em Conflito com a Lei, existem hoje no Brasil 12.041 adolescentes cumprindo medida de internação (o que representa um crescimento de 4,50%), seguidos de 3.934 em internação provisória e 1.728 em cumprimento de semiliberdade. A pesquisa, coordenada pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), mostra que em 2010 houve uma quebra da tendência de queda no número de internações que vinha ocorrendo desde 2007. É absoluta a prevalência de adolescentes do sexo masculino em situação de cumprimento de medida socioeducativa de internação e em situação de internação provisória. O índice é de 94,94%%.

A Constituição Federal determina que as crianças e os adolescentes recebam tratamento prioritário por parte do Estado e da sociedade em geral. As determinações entre os artigos 112 e 130 do ECA), em vigor desde 1990, reafirmam a necessidade de oferecer atenção diferenciada a essa parcela da população quando envolvidas em atos infracionais.

Apesar dos avanços registrados nas últimas décadas, o Brasil ainda convive com graves violações de direitos nas unidades de internação socioeducativa. É fundamental avançar na definição de uma política de atendimento que garanta estruturas, procedimentos e recursos humanos e orçamentários adequados em todas as fases do processo, desde a prevenção, a captura, o julgamento e a ressocialização.

Levantamentos do Conselho Nacional de Justiça apontam ocorrência de graves violações de direitos nas unidades de atendimento, como ameaça à integridade física, violência psicológica, maus-tratos e tortura, além de negligência relacionada ao estado de saúde dos adolescentes.. Há ainda denúncias de jovens privados de liberdade em locais inadequados, como delegacias, presídios e cadeias.

A rede física atual, segundo o levantamento da SDH/PR, está composta por 435 unidades, sendo 305 para atendimento exclusivo de programas. A situação de precariedade é seria em muitas instalações, sendo mais evidente na região Nordeste onde a maioria dos estados apresentam superlotação com taxas acima da capacidade.

Propostas do SINASE
Com o objetivo de dar uma nova perspectiva ao cumprimento das medidas socioeducativas no Brasil, está em tramitação no Congresso Nacional o Projeto de Lei 1.627/07, que institui o Sinase. A iniciativa, que tem como relator o senador Eduardo Suplicy, busca estabelecer um marco regulatório no País, organizando os princípios de natureza política, administrativa e pedagógica para o adequado funcionamento dos programas socioeducativos de atendimento ao adolescente em conflito com a lei.

Um dos principais focos da proposta é assegurar a co-responsabilidade da família, da comunidade e do Estado, articulando os três níveis de governo. Além disso, o Sistema busca estabelecer parâmetros nacionais que priorizem a execução de medidas em meio aberto em detrimento das restritivas de liberdade, a serem usadas em caráter de excepcionalidade.



Postado Por Cintia Liana